A Bienal do B e o habitat natural da poesia

A Bienal do B do Açougue T-Bone prossegue hoje, 29, com a leitura dos poemas de mais cinquentas autores. Ontem e terça-feira 50 poetas se apresentaram. Tive o privilégio de ser um deles.

Democracia cultural é a marca principal do T-Bone, que funciona como açougue durante o dia e centro cultural à noite. Pode parecer estranho, e é. Estranhamente maravilhoso e democrático, em um país e em uma cidade que, na maioria dos casos, trancafiam a cultura em locais a preços inacessíveis. No T-Bone, a cultura é de graça, é só passar por lá.

Mas a leitura de poemas é só o principal pretexto do evento que democratiza o acesso ao mais recluso dos gêneros literários, que é a poesia.

Além do recital, há a bienalzinha, comandada pelo poeta Vicente Sá (foto) e música de qualidade. Hoje, quem se apresenta é Afonso Gadelha.

E os debates, mediados por mim, que trazem como tema a produção cultural no Distrito Federal. Por meio deles, podemos conhecer o que de relevante tem sido feito, por exemplo, na periferia da capital do país. Destaco Markão Aborígine, com quem conversei ontem sobre produção poética e que leva poesia às áreas carentes – de tudo, e não só de cultura –, mostrando que aqui pelo centro oeste não se faz apenas música para quem pegou a mulher com outro na cama.

E no meio disso tudo, a vida da cidade acontecendo normalmente ao redor, enquanto os poetas declamam no palco montado na calçada. Ontem, no fundo do recital, ouviam-se os gritos das torcidas do Flamengo e do Corinthians torcendo nos bares em volta.

Portanto, é bem possível que um verso seja momentaneamente engolido pela buzina de um carro ou por um bêbado que grita impropérios na outra calçada. Ruim? Não, o habitat natural da poesia é esse mesmo: tudo o que a toda hora nos cerca em todos os lugares e momentos.
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E por falar em Bienal do B, hoje prossigo com os lançamentos de Histórias de Pai, memórias de filho e Voando pela Noite (Até de manhã) – 2ª edição. A partir das 19h.

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