Recebi por um dos grupos de zap a notícia de que Leila Richers morreu.
Para quem não lembra ou não sabe de quem se trata porque não viveu a época, Leila era apresentadora de telejornais da TV Manchete, certamente a emissora que levou ao ar a melhor programação da TV brasileira até hoje.
Ela apresentava precisamente o telejornal que ia ao ar no final da noite, início da madrugada.
Leila Richers não era só linda, era também uma ótima apresentadora, com entonação adequada, de acordo com o que a notícia do momento pedia.
Portanto, não era sua beleza que a sustentava no vídeo.
Na época eu era estagiário da Rádio Manchete, cuja redação e estúdios ficavam no 9º andar do célebre prédio da Rua do Russel, entre Glória e Catete, no Rio, de frente para o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara (Meu Deus! Tudo era lindo na Manchete).
Eu trabalhava à noite e uma das minhas tarefas era pegar telex (e isso confirma o tanto de tempo que faz) das agências de notícias.
As máquinas de telex ficavam na redação da TV, no 4º andar, e eu queria descer lá toda hora para ter a sorte de dar de cara com Leila Richers no elevador ou na redação.
Quando isso acontecia, e não era muito difícil acontecer, eu voltava de queixo caído: “Pô, cara, vi a Leila lá embaixo…”, comentava com os colegas, a baba descendo pelo queixo.
Há muito tempo não ouvia falar de Leila Richers, e quando li a notícia da sua morte, veio-me à cabeça sua imagem passando por mim, educada, sem logicamente se dar conta da minha existência.
Veio à minha cabeça também meu queixo caído.
Que é como os anjos devem estar agora.