Brasília que não se olha

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Às vezes eu me sinto um espírito desencarnado, em Brasília, a versão real do homem invisível do seriado de TV da década de 70.

Na rua, no corredor do prédio, na academia, nas barras de ginástica do parque onde você malha quase todos os dias com as mesmas pessoas: ninguém te olha.

Você passando e o vento são a mesma coisa: incapazes de abalar quem cruza teu caminho.

Já não é nem mais questão de bar bom dia, boa tarde, boa noite. Trata-se de olhar na cara, nos olhos do semelhante que vai no sentido contrário, e que é vizinho ou companheiro de atividade física.

Antes que algum brasiliense cego me mande voltar pro Rio, aviso que gosto daqui, local de rara arborização urbana, por exemplo, entre outras qualidades.

Mas já são quase 20 anos nesta cidade e uma dificuldade confessada com as relações humanas.

Já já vem alguém pra bater: ah, mas aquela coisa de carioca contar a vida toda em cinco minutos de fila também enche o saco.

Concordo.

Mas uma encheção de saco não compensa a outra.

Então, cada canto com sua dificuldade.

E seguimos vivendo, aqui ou lá.

Mas eu tinha que falar.

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