Cocada, Bujica, Fufuca e o deboche

Fufuca me parece aqueles apelidos que surgem inocentemente da boca das crianças menores, que não sabendo ainda falar direito o nome do irmão mais velho, pronunciam qualquer palavra que se assemelhe ao som que escutam.

Uma de minhas irmãs mesmo tem um apelido dado por mim, que aos dois, três anos não conseguia dizer seu nome direito.

Uma pesquisa rápida talvez revele que Fufuca é coisa de irmão mais novo, embora eu não afaste a hipótese do batismo ter sido feito pela turma da rua ou do colégio, em um tempo em que nem mesmo as maiores maldades infantis recebiam o nome de bullyng.

Estado de Minas
Estado de Minas

Fufuca também me lembra aqueles jogadores de nome estranho que aparecem do nada, decidem um clássico fazendo um ou dois golaços e da mesma forma que surgiram, desaparecem, deixando na memória do torcedor apenas a lembrança divertida.

A história do duelo entre Flamengo e Vasco, por exemplo, possui ao menos dois casos assim: Cocada, em 1987, dando um título ao Vasco, e Bujica, dois anos depois, em um 2X0 antológico com dois golaços a favor do Flamengo, em um jogo em que estavam em campo ninguém menos que Zico e Bebeto.

Nunca mais Cocada nem Bujica.

É cabível em minha imaginação a manchete: Golaço de Fufuca garante o título aos 45 do 2º tempo.

Só que neste momento em que escrevo, Fufuca está sentado em uma das cadeiras mais poderosas do país, a de presidente da Câmara dos Deputados, substituindo o titular do cargo, Rodrigo Maia, que por sinal – reparem bem – também tem cara de Fufuca.

No futebol, quando seu time perde um campeonato ou uma partida com um gol de Cocada ou Bujica a coisa soa como deboche.

Pois ter Fufuca no poder me parece igualmente a comprovação do deboche que é a política brasileira na atualidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima