Sumir para se encontrar

Livro Nathan Souza

Volta e meia sinto ganas de meter o carro na estrada e parar na primeira cidade que encontrar ao anoitecer.

Sempre acho que esse tipo de aventura poderá colocar em ordem pensamentos, sentimentos e o próprio sentido da existência.

Tenho uma razoável ideia do que estou fazendo aqui nesse planeta complicado, mas às vezes bate mesmo uma dúvida e até um questionamento: porra, vale a pena?

Não é sempre, mas bate.

Foi o que aconteceu com o personagem principal de Sua Gente Estranha, romance (com elementos de novela e agilidade de conto) do escritor piauense Nathan Souza: encarou a estrada para organizar as ideias e sentimentos, antes de mandar tudo para o inferno em definitivo, tudo isso sob a égide da obra de Albert Camus.

Nathan é poeta premiado e vence um desafio que nem todos os poetas conseguem quando arregaçam as mangas para pôr as mãos na massa da prosa: escrever com clareza, objetividade e, é claro, poesia, mas sem exagero (sim, exagero poético na prosa pode condená-la à chatice).

Claro que não vou contar aqui (ou dar spoiller, é como os moderninhos falam, né?) se o sujeito se encontra ou permanece “descauculado” (essa palavra ouvi um dia de um sujeito no interior de Minas e sempre esperei a chance de usar. Obrigado, Nathan).

Isso não é tão importante.

A grande valia do livro é que ele desperta no leitor exatamente o que o personagem quer fazer: o desejo de pensar, de ressignificar um punhado de coisas, ou, ao menos, as principais.

Sem ser em momento algum de auto-ajuda, o livro de Nathan Souza pode te ajudar nisso, caso você, feito eu, não possa, por agora, nem sonhar em sumir na estrada.

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