A frieza das estatísticas como comportamento

A Secretaria de Segurança do Distrito Federal anuncia que em setembro foram assassinadas 43 pessoas em Brasília e nas cidades próximas.

Por incrível que pareça, o anúncio é feito em forma de contida comemoração.

Tudo porque setembro foi o mês de 2013 com menos assassinatos na capital brasileira e arredores.

A autoridade responsável pelo setor diz, em tom otimista, que a integração entre as forças de segurança está dando certo.

Ao menos para mim, é difícil aceitar que esteja dando certo qualquer política de segurança onde, na média, mais de uma pessoa foi assassinada por dia no mês passado.

Durante o ano todo, segundo a mesma contagem, houve 490 homicídios nas barbas do poder central do país.

Não tenho agora outras tabelas para comparação, mas não seria muito temerário arriscar que o número supere a monta de muita guerra mundo afora.

O que angustia, no entanto, não é somente essa insensata comemoração das autoridades, mesmo que velada, como se 43 vidas a menos fizessem parte de um escore aceitável.

Mais incômodo é a impressão de que a barbárie conquista, cada dia mais, a indiferença do Estado e da sociedade, e que, diante da crueldade, estejamos nos tornando frios e exatos como meros números de estatística.
Morte

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