A parceria da Penguin com a Cia das Letras

Por Alexandre Pilati.

Em setembro de 2009, a Companhia das Letras se associou à Penguin Books para publicar edições da Penguin Classics no Brasil. A Penguin Classics é a maior e mais abrangente editora de literatura do mundo, e passa a ser a primeira editora de língua inglesa a publicar clássicos em português.

O selo Penguin-Companhia editará em português obras do riquíssimo catálogo da coleção Penguin Classics, e uma série de clássicos da língua portuguesa, que recuperarão o histórico design “listrado” do início da Penguin, considerado um dos mais importantes da história do design britânico. Alguns dos autores do atual catálogo da Companhia e obras-primas da língua portuguesa serão publicados nas duas séries. A Penguin-Companhia preservará nos volumes brasileiros as introduções e notas que distinguem as edições da Penguin Classics, além dos famosos guias de leitura Penguin. Os guias de leitura foram elaborados para estimular a discussão dos clássicos entre grupos de leitores. Além das perguntas, haverá sempre um texto introdutório comentando a obra do ponto de vista histórico e literário.

Um outro diferencial do projeto da parceria entre Penguin e Cia das Letras está no formato dos livros. Todos os títulos podem ser adquiridos tanto no formato tradicional, em papel, quanto no formato digital. No site da editora, é possível adquirir o direito a download da obra da coleção, por preços que variam de R$ 13,50 a R$ 22,50. É um sinal dos tempos, pois cada vez mais o livro digital ganha espaço no mercado editorial mundial, apesar de caminhar timidamente no Brasil.

Os títulos e os destaques da Penguin no Brasil

Os primeiros títulos da coleção Clássicos Penguin em Português começaram a ser publicados no segundo semestre de 2010. Entre eles estão O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, em nova tradução, O Brasil holandês, seleção de documentos históricos realizada pelo historiador Evaldo Cabral de Mello e Joaquim Nabuco essencial, uma seleção de textos célebres do pensador brasileiro organizados por Evaldo Cabral de Mello.

Os destaques

Evaldo Cabral de Mello (ORG.) O Brasil holandês.

A presença do conde Maurício de Nassau no nordeste brasileiro, no início do século XVII, transformou Recife em uma cidade desenvolvida. A história do governo holandês no Nordeste brasileiro se confunde com a guerra entre Holanda e Espanha. Em 1580, quando os espanhóis incorporaram Portugal, lusitanos e holandeses já tinham uma história de relações comerciais. Este volume reúne passagens de documentos da época, desde as primeiras invasões na Bahia e Pernambuco até sua derrota e expulsão. Os textos – apresentados e contextualizados pelo historiador Evaldo Cabral de Mello – foram escritos por viajantes, governantes e estudiosos. São depoimentos de quem participou ou assistiu aos fatos. O detalhe é que Evaldo Cabral de Mello optou por uma narrativa clara e bem escrita e, por isso, além de produzir uma obra fundamental para historiadores e pesquisadores, criou um livro de fácil leitura e de grande interesse geral.

Joaquim Nabuco. Essencial Joaquim Nabuco

Com uma seleção criteriosa e iluminadora do historiador Evaldo Cabral de Mello, os trechos das obras de Joaquim Nabuco (1848-1910) incluídos neste volume revelam não só o essencial da produção mais conhecida do grande abolicionista pernambucano, como também momentos decisivos que se encontram guardados em suas obras menos conhecidas. Joaquim Nabuco (1849-1910) foi um dos primeiros pensadores brasileiros a ver na escravidão o grande alicerce da nossa sociedade. Sendo ele um intelectual nascido e criado no ambiente da aristocracia escravista, a liderança pela campanha da Abolição não só causa espanto por sua coragem e lucidez como faz de Nabuco um dos maiores homens públicos que o país já teve.

A defesa da monarquia federativa, a campanha abolicionista, a atuação diplomática, a erudição e o espírito grandioso do autor pernambucano são apresentados aqui em textos do próprio Nabuco, na seleção criteriosa e esclarecedora feita pelo historiador Evaldo Cabral de Mello, também responsável pelo texto de introdução.

Selecionados de suas obras mais relevantes, como O Abolicionismo (1883), Um estadista do Império (1897), Minha formação (1900), entre outras, os textos permitem acompanhar não apenas a trajetória de Nabuco, a evolução de seu pensamento e de suas atitudes apaixonadas, mas sobretudo o tempo histórico brasileiro em algumas de suas décadas mais decisivas.

*O poeta Alexandre Pilati participa comigo às segundas e terças do bate-papo literário das BandNews FM 90,5 Brasília, às 16h51 e 11h31, respectivamente.

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