Alexandre Brandão, Vicente Sá e o velho Braga

La Parola
La Parola

Uma de minhas maiores influências literárias não é nenhum escritor europeu do século 19 com nome difícil de dizer e ainda pior para escrever.

É apenas Rubem Braga, o velho Braga, observador não apenas de passarinhos, mas de tudo que é importante, belo e maravilhoso ao nosso redor e a gente não percebe.

Braga também me influenciou a ser jornalista.

Achava fantástico o que ele contava de sair da redação de madrugada, com o jornal ainda quente da rotativa debaixo do braço, trazendo uma matéria dele e, de quebra (e o mais saboroso), uma crônica.

Ou seja, foi clara a influência da crônica na minha literatura e na minha escolha para ganhar o pão e o leite das crianças.

Vicente Sá - Face Book
Vicente Sá – Face Book

Andava afastado de ler crônicas, embora as tenha escrito bastante nos últimos anos com o advento dos blogs.

Me reencontrei com essa leitura nos livros de Vicente Sá (Crônicas S/A, publicado pela Semim Edições) e Alexandre Brandão (O Bichano Experimental, que saiu pela Patuá).

Leio uma crônica de cada um pela manhã, antes de me sentar ao computador e começar a trabalhar (Algumas pessoas leem a Bíblia pela manhã; outros, autoajuda. Eu leio Vicente Sá e Alexandre Brandão)

Brandão - Foto Face Book
Brandão – Foto Face Book

Brandão explora o quotidiano interpretando-o de uma forma que transcende o fato que o levou a escrever.

Vicente Sá faz crônica como quem conversa na cadeira do barbeiro, no balcão de um pé sujo.

Nos dois, é impossível não sentir a emoção de reencontrar um pouco do velho Braga e, por conseguinte, o frescor da minha puberdade, inclusive a literária.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima