As estranhas réguas do tempo

É difícil, em um início de ano, fugir de qualquer reflexão sobre o tempo, sejam as banais os as que requerem maior engenharia.

Comecei minha vida profissional trabalhando com pessoas nascidas nos anos 40 e 50, ou até mesmo mais velhas, com idade para serem meus pais.

Minha geração, nascida nos anos 60, saiu da universidade, consolidou-se no mercado e viu chegar os filhos da década de 70. Mesmo que ainda não fosse tanta, já possuíamos alguma experiência para passar a eles.

Quando o novo século entrou, as pessoas que nasceram nos anos 80, portanto na minha adolescência, apareceram para ajudar nossa adaptação à reviravolta tecnológica do planeta. Ao lado deles, compreendemos, de uma hora pra outra, que fax e CD estavam obsoletos.

Dez anos se passaram e eis que, duas semanas atrás, pouco antes do natal, a estagiária pega e me conta que nasceu em 1994. Fiquei calado observando os movimentos ágeis de seus dedos na tela do smartphone, pensando como é possível que alguém que nasceu em 1994 já esteja aqui, ao meu lado, trabalhando, aprendendo o meu ofício. Aliás, como é possível que alguém tenha nascido em 1994 e já tenha idade para ser minha filha?

O tempo nos oferece estranhas réguas para medirmos o quanto ele passa.

E o quanto estamos envelhecendo.

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