Nada contra quem postou a bandeira da França. Tudo a favor quando o protesto é contra a estupidez e a favor da vida e da paz.
Mas penso que o mundo atual, com suas barbáries expostas em segundos na velocidade de tantos e tantos megabites, nos oferece oportunidade diária de vigiarmos nossa cultura classe média branca, universitária, cinco, seis refeições por dia e coisa e tal. E de tentarmos conduzir nossa solidariedade – que sim, existe – para todos os lugares onde o fanatismo e a crueldade ameaçam a vida.
A gente não faz por querer, nem é consciente, mas vamos definitivamente vigiar para que a vida não pareça mais valiosa na França do que na Ucrânia; na Europa, mais do que na África; Nos EUA, mais do que no Oriente Médio; No Leblon, mais do que na Baixada; No Lago Sul, mais do que em Ceilândia; No Sul/Sudeste, mais do que no Norte/Nordeste; no Rio/São Paulo/Minas mais do que no Maranhão/Piauí/Pará.
É hipocrisia dizer que isso não existe, mas é coragem assumir e combater nossa displicência insensível quando a carne não tem a cor da nossa, quando a criança não poderia ser colega dos nossos filhos, e por aí vai. Toda carne é carne. Toda vida é vida, em todo lugar.