Patéticas como novelas mexicanas
Não sou o tipo de eleitor do Lula e da Dilma que brada aos quatro ventos que o mensalão jamais existiu.
Tampouco uso e abuso do chavão pra lá de gasto de chamar, em todo e qualquer caso, a imprensa de golpista.
Mas como homem de comunicação me preocupa o tratamento que a mídia dá a determinados fatos, e sua omissão em relação a outros. E o que me aflige, ainda mais, é a opinião pública, cujo conceito pode ser vago e diverso, caminhando de acordo com o tratamento e com a omissão.
Incomoda-me, não como eleitor, mas como profissional da informação, por exemplo, a falta de empenho ou mesmo o silêncio da maioria dos veículos em relação ao escândalo do metrô paulista ou à ação por improbidade administrativa que o senador Aécio Neves responde, como réu, pelo desvio de mais de R$ 4 bi da saúde em Minas.
Quem não conhece o Brasil, pode, a partir do noticiário, pensar no mensalão como o marco zero da corrupção no país, quando, na verdade, foi um escândalo que não se voltou para o enriquecimento ilícito da maioria dos envolvidos, mas sim para a negação do PT a tudo que pregava ao aceitar fazer a política suja e centenária praticada por quem ele sempre combateu.
E hoje, ao abrir a internet, deparo com um grupo de atrizes globais vestindo luto pela decisão do STF, como se os anos interpretando papeis em novelas que distorcem a realidade brasileira lhes conferissem autoridade jurídica para dizer se está certa ou errada a decisão da maioria dos ministros.
Não digo que não tenham direito de protestar, mas por que nunca o fizeram contra a fome, o racismo, a exploração infantil e outras chagas desse pais do mensalão sim, mas também da obscura privatização das teles nos anos 90?
Será que só agora, em seu quinto século de descobrimento, o Brasil lhes deu motivos para que vestissem luto?
Chega a ser patético.
Patético feito uma novela mexicana mal dublada exibida pelo SBT.