Ouvindo Alceu Valença

O sol nasceu no meu Ipod

Passou pelo cabo auxiliar

Conectado ao toca CD

Saiu pelos alto-falantes

E foi se espalhando pelas ruas

Transbordando da janela do meu carro.

ANJOS DA DESOLAÇÃO, DE JACK KEROUAC

Por Alexandre Pilati*

 

Já está nas livrarias do país o livro ANJOS DA DESOLAÇÃO, do escritor norte-americano Jack Kerouac. A obra é pela primeira vez publicada no Brasil e representa um dos símbolos da geração beat, que marcou o pontapé inicial do movimento de contracultura nos Estados Unidos. ANJOS DA DESOLAÇÃO é uma transcrição praticamente direta dos diários de Kerouac, escritos a partir do verão de 1956. Nessa estação, o autor trabalhou por 63 dias como vigia de incêndios no Desolation Peak (Monte da desolação), um pico situado no estado de Washington, no extremo Noroeste dos Estados Unidos. Lá, rodeado pela natureza e diretamente confrontado com a finitude e com a solidão, Jack Kerouac escreve um texto ao mesmo tempo poético e inquieto, que demonstra um homem que em busca de respostas sobre o mundo acaba encontrando consigo mesmo.

ANJOS DA DESOLAÇÃO é um dos livros mais autênticos de Kerouac, onde se pode encontrar uma das últimas experiências “on the road” antes do lançamento do livro que leva esse título e que em português ficou conhecido como Pé na estrada (também editado no Brasil pela L&PM). O título traz todos os principais beatniks como personagens em aventuras pra lá de envolventes. Para quem quiser conhecer melhor o espírito beat, é uma excelente pedida.

A GERAÇÃO BEAT

A “geração beat” é como usualmente se chama no meio literário um grupo de artistas norte-americanos, principalmente escritores e poetas, que atuaram nas décadas de 1950 e 1960. O que caracterizou a vida e a obra desses autores foi a sua atitude de questionamento da cultura estabelecida nos EUA. Isso os levou a produzir obras de contestação aos valores mesquinhos da pequena burguesia americana. Para rejeitar esses padrões, os beats levavam, muitas vezes, uma vida nômade, ou mesmo fundavam comunidades, que, dizem alguns, são a origem das comunidades hippies. Além das obras de Kerouak, algumas das obras e autores mais famosos da geração beat são além das obras: Uivo (1956) de Allen Ginsberg e Almoço Nu (1959) de William S. Burroughs. O estilo que une essas obras é o da contestação, tanto ideológica quanto formal, das tradições culturais americanas. Por isso, os beats utilizam recursos do surrealismo, abusam das inovações lingüísticas e da prosa caótica muito próxima da fala cotidiana. Alguns críticos chegam a comparar o estilo desses autores ao jazz norte-americano, cheio de improvisos e recursos de estilo.

O ANJO BEAT NA ESTRADA – JACK KEROUAC

Uma das figuras centrais desse movimento é Jack Kerouac, autor de ANJOS DA DESOLAÇÃO. Ele pode ser considerado o grande porta-voz do beats e também uma das referências de todo o movimento de contracultura que se desenvolveria nas décadas de 60 e 70 na América e no mundo. Nascido em 1922, Jack Kerouac ganhou a vida com diversas ocupações, o que certamente forneceu a ele “munição” para criar suas histórias tão peculiares e tão abastecidas de vida real e sinceridade. No Brasil, a editora responsável pelo lançamento de suas obras é a L&PM, que já publicou, além de ANJOS DA DESOLAÇÃO, outros títulos importantes como o autobiográfico On the road – Pé na estrada e A geração beat, livro em que ele apresenta a ideologia e o trabalho dos beatnikcs. 

 

*Eu e Alexandre Pilati conversamos sobre literautra toda 2ª feira, às 16h51, na BandNews FM, 90,5 – Brasília.

 

Sobre concursos públicos

Peço perdão se estou mal informado, mas li várias reportagens sobre as novas regras para concursos públicos e não encontrei em nenhuma delas qualquer menção à exigência da publicação de bibliografia nos editais.

Já está decidido que será maior o prazo entre a publicação do edital e a prova, e que a participação em fraude desclassificará o candidato, o que é, enfim, a oficialização do óbvio. Entretanto, com a nova lei, as organizadoras de concursos públicos poderão continuar formulando questões de provas a partir dos livros que quiserem e bem entenderem – o que é direito delas – sem terem a obrigação de informar quais serão essas obras – o que seria direito dos candidatos -.

Essa exigência talvez não seja importante para os cargos em que a exigência maior são as disciplinas ligadas ao direito, no qual o eixo do estudo é formado pela lei, pela doutrina e pela jurisprudência.

Mas em áreas como comunicação social, por exemplo, a divulgação da bibliografia adotada pela banca traria, certamente, mais equidade à disputa por uma vaga no serviço público.

A todo instante, livros são publicados com diferentes e (pretensas) inovadoras interpretações sobre assuntos inerentes ao universo da comunicação, algumas delas inteiramente distantes da realidade prática do jornalismo e, creio eu, também da publicidade e das relações-públicas.

Alguns anos atrás as bancas organizadoras justificaram a ausência de bibliografia nos editais com o argumento de que isso beneficiaria editoras de livros usados como fonte de estudo. Ora, pior é a desconfiança de que a ausência de bibliografia nos editais possa favorecer determinado grupo de candidatos, especialmente os recém saídos das universidades, sobre quem a banca tem a certeza de que conhece esse e aquele autor, cujos livros foram exaustivamente estudados.

Quarto crescente

Sabe aquele pedaço de unha do polegar

que sai certinho redondinho

no cortador?

Pois é, penduraram um desse

no céu da cidade.

10.9.2010

DESGRACIDA, O NOVO LIVRO DE DALTON TREVISAN

Por Alexandre Pilati*

 

A editora Record acaba de colocar no mercado o novo livro do renomado e recluso autor paranaense Dalton Trevisan. Desgracida reúne microcontos e cartas do autor que hoje tem 85 anos e demonstra ter chegado ao esplendor de seu estilo. Dalton, que é conhecido Vampiro de Curitiba desde o lançamento em 1965 do livro que leva este título, dedicou toda a sua carreira a dar forma literária à vida mesquinha da classe média de sua cidade, criticando suas hipocrisias, as pequenas violências praticadas contra o semelhante, suas ambições sem sentido e quase patológicas. Ele vive recluso, reforçando a sua fama de Vampiro, sendo avesso à mídia, dando pouquíssimas entrevistas e saindo raramente de casa para ir a livrarias ou apenas caminhar pelas ruas de Curitiba, quando é ocasionalmente fotografado por algum fã ou repórter de plantão.

Trevisan é um dos maiores autores brasileiros em atividade, o que se comprova, por exemplo, pelo número de prêmios importantes que ele venceu nos últimos anos. Entre diversos outros prêmios, por exemplo, em 2003, o autor venceu o Prêmio Portugal Telecom com o livro Pico na veia. Em 2008, com O maníaco do olho verde, ele venceu o Prêmio Clarice Lispector, da Biblioteca Nacional. Em todos eles, como nesse mais recente lançamento, o Vampiro mostra sua linguagem mordaz e humor cáustico, ao abordar criticamente as várias facetas problemáticas da condição humana.

Um livro dividido em dois

Desgracida é dividido em duas partes bem distintas. Na primeira, é apresentada uma seleção de textos inéditos de Dalton Trevisan. São, ao todo, 90 microcontos ou microhistórias, um gênero literário em que o autor se especializou como poucos. Essa narrativa curtíssima é fruto da idéia de Dalton de que ele só chegaria à perfeição literária quando compusesse histórias completas com apenas duas ou três linhas. Por isso, a cada novo livro, seu texto é mais enxuto, conciso e magro. Em Desgracida, como em diversos outros livros do autor, literalmente, para bom entendedor, meia-palavra basta.

Os temas dos microcontos transmitem todas as aflições e alegrias de homens e mulheres, com erotismo intenso e diálogos incomuns. Assim, Dalton apresenta uma coletânea de histórias que retrata a realidade do Brasil hoje, os desastres do amor, as cenas da vida cotidiana, os infernos particulares, a guerra dos sexos. Desgracida, então, reforça a já conhecida galeria de pequenas perversões familiares, as ironias dos conflitos amorosos, os tarados de olhos doces, a aurora dos seios nas meninas, as viúvas alegres, a vingança com pão e manteiga no café da manhã, os velhos assanhados, os suicidas despeitados e muito mais.

Polêmica em torno de Grande sertão veredas.

Na segunda parte de Desgracida, intitulada “Mal-traçadas linhas”, são apresentadas 14 cartas escritas pelo Vampiro de Curitiba. As cartas foram escritas num período de 30 anos, dos anos 60 aos anos 90, e têm como destinatários figuras famosas do meio literário e também alguns anônimos, conhecidos nos textos apenas por pronomes de tratamento.

Entre as figuras de estaque a quem Dalton dirigiu cartas estão, por exemplo, os escritores mineiros Pedro Nava, Rubem Braga e Otto Lara Resende. Nessas cartas, o escritor paranaense faz a temática oscilar entre as homenagens e as polêmicas e provocações. Uma das mais radicais provocações é aquela feita ao autor de Grande sertão veredas, de João Guimarães Rosa, numa carta a Otto Lara Resende. Trevisan chama Rosa de ‘romancista menor’, o ‘comportadinho das palavras’, e descreve sua obra prima como ‘literatura de travesti’, um ‘livro artificial’. Nessa espécie de manifesto contra o já clássico Grande sertão ele afirma: “A forma é inovadora, mas o fundo reacionário. Pouco vale pirotecnia verbal sem a originalidade do espírito.”

Quem quiser conferir alguns dos microcontos de Desgracida e também um trecho da polêmica carta sobre Grande Sertão: veredas pode acessar www.alexandrepilati.com.

*Participa comigo todas às 2ªs e 3ªs às 16h51 e 11h31 na BandNews FM, 90,5 – Brasília do bate-papo literário.

STF, por favor, nos ouça!

O Supremo Tribunal Federal tem a oportunidade ímpar de mostrar que está sintonizado com o sentimento da sociedade. Para isso, não precisa muito, basta decidir que a chamada Lei da Ficha Limpa não é inconstitucional, e que sua aplicação vale sim para as próximas eleições.

Os que foram enganchados pela Ficha Limpa bradam injustiçados (Coitados!) o discurso prático e perfeito do be-a-bá de qualquer aulinha de direito: a lei não pode retroagir para prejudicar. Esquecem, no entanto, de que permitindo a eleição de gatunos do dinheiro público feito eles, prejudicam não um ou dois, mas o povo. Além do mais, em quantas vezes ao longo da história tantas leis de interesse do poder voltaram atrás sem que ninguém se importasse se a sociedade se danou em benefício do estado e das elites.

Já é sabido que existem ministros do STF cuja posição será contrária à lei. É direto deles, mesmo que o apego à letra fria de uma norma, ainda que seja a máxima, como a Constituição Federal, fale mais alto do que a oportunidade de impedir que voltem aos governos e parlamentos aqueles que roubaram dinheiro para erguer pontes fantásticas, ou que violentaram o ordenamento urbano permitindo e até mesmo promovendo a invasão de terras públicas.

É hora dos ministros do STF, residentes no Olimpo da escala social e intelectual de nosso país, se desgarrarem da “correção” das leis e decidirem não amparados pelo consagrado saber jurídico, mas pelo sempre posto de lado anseio da sociedade. Se assim não for, é de se concluir que, em se tratando de corrupção, falta no mínimo bom senso a nossa suprema corte.

Nosso Lar para quem não acredita

Deve ser mesmo bem difícil aceitar que exista uma cidade invisível acima de nós, pairando bem além de nossas cabeças, e onde fala-se pelo pensamento e os ônibus deslizam no ar. Até mesmo em quem desde a infância encara como fato consumado a vida após a vida, pensar que há, pairando entre as estrelas, uma estrutura administrativa que serviu de base para a cópia que foi mal feita aqui na Terra, não deixa de provocar espanto. Mas longe de ser dúvida, tudo isso é deslumbramento, certeza de que os erros cometidos não são passíveis de penas eternas, mas sim cabíveis de recuperação e recomeço.

Quem não engole essa história de que a inveja por causa do sucesso do colega de trabalho, a trapaça na vida pública ou a infelicidade que se provoca no próximo ficam registradas numa conta pessoal em algum canto ao redor do planeta – feito um café que tomamos e saímos sem pagar – pode mesmo assim ver o filme Nosso Lar sem susto. Se você acha impossível uma única pessoa, uma única inteligência atravessar os séculos nascendo em corpos diferentes, falando línguas diversas em países distintos, assista a Nosso Lar assim mesmo. O filme não traz a palavra Espiritismo em nenhum momento, por isso não tenta doutrinar o público, algo que, aliás, os que possuem a consciência do Espiritismo não procuram fazer no dia-a-dia.

Se você está entre os céticos – e tem todo o direito de estar –, vá assisitir a Nosso Lar como quem sai de casa por um filme de Spielberg. Ele tem momentos de ótimo cinema, tais como belos efeitos, boas interpretações, emoção e beleza. E caso você não fique com uma pulga atrás da orelha, certamente ficará feliz, com uma espécie de consolo em seu íntimo, e aí o filme terá cumprido o papel dele.

O adeus do último maldito da literatura argentina

Por Alexandre Pilati.

 

A literatura argentina perdeu, no último dia 21 de agosto, Rodolfo Fogwill, um escritor que era considerado “o último maldito das letras argentinas”. Um enfisema pulmonar deu fim à máquina de polêmicas que era Fogwill, um romancista e contista que deixou mais de 20 livros, infelizmente pouco difundidos aqui no Brasil.

A narrativa de Rodolfo Fogwill era reconhecida como uma das mais vigorosas do final do século XX, comparável, em alcance e importância, às de seus antecessores Julio Cortázar e Jorge Luis Borges. Mas, na verdade, sua literatura tem pouca semelhança com as de seus conterrâneos ilustres, configurando-se como uma escrita absolutamente nova e criativa, numa nação que é caracterizada pela boa literatura.

Seus textos são marcados, principalmente, pela tonalidade força libertária e transgressora que marcou também o exercício das profissões de jornalista e professor. Sempre que se posicionava publicamente, Fogwill causava polêmica, como nos casos em que polemizou com as Mães da praça de maio, uma verdadeira instituição argentina, e com grupos de diferentes matizes ideológicos, como os defensores do aborto e do casamento homossexual. O autor colecionou também polêmicas com críticos e escritores como os renomadíssimos Ricardo Piglia, Beatriz Sarlo e Alan Pauls.

 

Um dos melhores romances da década de 80

No Brasil está disponível apenas um dos livros de Rodolfo Fogwill, o romance hiperrealista Os pichicegos – Malvinas uma batalha subterrânea. Este é certamente um dos melhores livros da América Latina da década de 80, porque consegue apresentar, como poucos, a enrascada histórica em que o continente se encontrava naquela época.

Para se ter uma idéia da sua contundência, basta lembrar que o romance foi proibido na Argentina quando saiu em 1982. Com 25 anos de atraso, em 2007, o livro finalmente chegou ao Brasil, numa edição bem cuidada da editora Casa da Palavra.

O livro foi escrito durante os últimos dias da Guerra das Malvinas, em que se enfrentaram durante 40 longos dias de 1982, o Reino Unido e a Argentina pela posse das ilhas que hoje são conhecidas, após a vitória britânica, como ilhas Falklands. O relato de Fogwill é um questionamento da guerra, que deixou mais de 1000 mortos, e do militarismo que a gerou. A narrativa extremamente objetiva de Fogwill nos leva a sentir repúdio pelo combate armado sem sentido e pela ditadura militar.

O enredo: pichicegos como tatus humanos

Pichicego, em castelhano, designa uma espécie de tatu, que passa a maior parte do tempo sob a terra e que se encontra, sobretudo, no território Argentino. Essa é a grande metáfora que cria o enredo da obra de Fogwill, pois nela se conta a história de um grupo de desertores do exército argentino que está em missão nas Malvinas.

Esses soldados desertores trocam o combate contra os britânicos pela luta por sobreviver ao inverno gelado das Malvinas. Para escapar do frio e das patrulhas argentinas que não perdoariam os desertores, eles criam um abrigo subterrâneo, uma verdadeira toca de tatu.

Os soldados pichicegos só deixam a toca à noite e para sobreviver trocam favores com os ex-inimigos britânicos. Em troca de alimentos, agasalhos e pilhas para lanternas eles indicam aos soldados britânicos a localização de alvos estratégicos argentinos que logo são destruídos pelos aviões ingleses. Assim, no espaço escuro do abrigo que criaram, fugindo do absurdo da guerra, resta aos pichicegos passarem as horas conversando, em diálogos banais que mostram exatamente que aqueles homens não têm nada em comum a não ser o fato de se acharem num absurdo combate com os ingleses. É um livro escepcional.

Com a morte de Rodolfo Fogwill, esperamos que outros de seus livros “maditos” possam chegar ao leitor brasileiro, especialmente os Contos completos, que recentemente foram publicados em espanhol pela editora Alfaguara, que também está presente no Brasil.

Eu e Alexandre Pilati conversamos toda segunda e terça sobre literatura na BandNews FM às 16h51 e 11j31.

Conselhos em época de seca

Beba bastante água evite o sol entre dez da manhã e quatro da tarde também não faça ginástica nesse horário use protetor solar boné óculos escuros coloque umidificador e toalha úmida no quarto não tome banhos prolongados mas principalmente tenha cuidado no sinal fechado e no engarrafamento para não enfiar o dedo no nariz com o intuito de tirar torturantes melecas ressecadas e ser flagrado pela bela morena que te espia por acaso e distraída da janela do outro carro.

A picardia de Luarlindo e o fim do JB

Recomendei no faceBook e no twitter a leitura da coluna de Joaquim Ferreira dos Santos em O Globo desta segunda-feira falando sobre o último dia do Jornal do Brasil. Lembrando o fim da edição impressa do JB, Joaquim enumerou diversos jornalistas que ajudaram a fazer a história daquele que foi, certamente, o melhor e mais importante jornal da imprensa brasileira por diversos fatores, que vão desde o conteúdo ao tratamento gráfico.

Conheci alguns dos jornalistas citados, e entre eles um me é particularmente inesquecível, primeiramente pelo nome, e depois por uma história contada sobre ele, que se verdadeira – e quem contava era fonte confiável – terá sido a própria piada criada na vida real, a história de boteco que ninguém inventou, que aconteceu de fato, mas que ganhou ares de piada e vive pelos botecos como se nascida deles.

Luarlindo Ernesto era repórter de Polícia do JB, e depois de O Dia, se bem me lembro. Era daquela geração que aprendeu o ofício da reportagem perguntando e observando – e não lendo release – o mundo cão das delegacias e presídios. Conta a história que Luarlindo estava na audiência de conciliação com a ex-mulher, quando a juiz virou-se para ela e disse “Minha senhora, eu vou lhe dar três salários mínimos de pensão”. O Astuto repórter, mantendo a reverência que convém perante um magistrado, mas com o talento de quem não perde a piada, feita de preferência com a própria desgraça, levantou o dedo polegar em apoio: “Muito bem, meritíssimo, quando eu puder, eu lhe ajudo”.

Lembrando dessa história, e remetendo à pasteurização do trato com a informação nos dias de hoje, me vem a sensação de que junto com a JB, também foi para o túmulo algo essencial aos jornalistas.

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