O perigo escondido do moralismo
Provavelmente o assunto do qual mais se falou esta semana foi a exposição que o Santander resolveu fechar lá em Porto Alegre.
Como tudo que envolve esse Movimento Brasil Livre me dá extrema preguiça, só agora tomei pé da situação e resolvi dar um pitaco rápido (a gente, hoje em dia, acaba se sentindo na obrigação de ter e mostrar opinião sobre tudo. É tenso).
Vi pela internet as obras. Não vou opinar sobre o aspecto plástico, mas, rapidamente, sobre o cunho moral das obras.
Sem querer posar de progressista, não vi, realmente, nada demais.
Como cristão convicto, não me senti agredido pelas obras que se utilizaram da imagem de Jesus. E acho que intenção de quem fez não foi essa.
O que me preocupa é essa gente que se arvorou em dizer que algumas peças fazem apologia à pedofilia. Olhei, olhei e, como pai, nada me assustou, ao contrário da própria grita do MBL.
Sempre desconfio quando alguém se lança ungido de moralismo contra o que considera um desvio de conduta (para mim, pedofilia é mais que isso. É crime repugnante). Nesse caso, acho que ficou mais latente justamente o moralismo do que a preocupação com a pedofilia em si.
Quando, por exemplo, um sujeito espuma raiva contra o homossexualismo, sempre desconfio que esse cara está ficando louco por que justamente não consegue mais conter a vontade de… vocês sabem.
Penso que é algo que qualquer estudante do primeiro ano de psicologia pode explicar: a vontade retesada, reprimida de se experimentar o que se condena.
Então, por esse ângulo, minha cisma serve até de alerta: não deixe sua/seu filha/o sozinho sob responsabilidade de alguém que está indignado com a exposição que o Santander fechou.
O moralismo esconde tanto obscurantismo quanto a censura.