Faxina

Eu mesmo fiz a faxina.
Não espere encontrar espetáculo, mas sim boa vontade.

Fonte: http://www.cec.com.br
Fonte: http://www.cec.com.br

A difícil tarefa masculina de fazer xixi em shopping

Penso que alguns shoppings precisam repensar a relação que possuem com os homens. Sim, gente do sexo masculino, que usa calça comprida, bermuda e short. Que faz xixi em pé.

Muitos deles (o Liberty Mall, em Brasília, é um exemplo) simplesmente não têm prateleiras junto aos mictórios – isso! Aqueles vasos brancos presos na parede, um dos ícones do universo masculino.

Talvez pensem que homens não fazem compras, que não carregam embrulhos, pacotes, bolsas. Talvez ainda pensem que apenas acompanhemos, mal humorados, nossas esposas, namoradas, filhas. Quem sabe achem que só entramos num shopping para tomar um espresso enquanto a primeira dama roda pelas lojas.

Fonte: thaisfrota.wordpress.com
Fonte: thaisfrota.wordpress.com

Mesmo que não tenhamos ido às compras (mulheres, emprestem-me a expressão, por favor), hoje em dia sempre levamos nas mãos a carteira, o Ipod, o smartphone e, no meu caso, que já fiz a revisão dos 40 mil, a caixa com os óculos pra perto.

E onde se põe toda essa tralha na hora de fazer xixi?

Imagine como é segurar embrulho, sacola, óculos com uma das mãos e com a outra abrir a braguilha e capturar, lá dentro, o instrumento.

Ainda mais quando se trata do brasileiro normal, mediano, padrão, cujo volume – não falo de eficiência – equivale apenas à compra de uma ida ocasional ao shopping, e não à lista com os presentes de natal.

Sobre inutilidades guardadas (inclusive livros)

Recentemente me mudei para um canto que mede menos da metade daquele em que eu morava, uma verdadeira cirurgia bariátrico-habitacional.

E confirmei o que eu já tinha quase certeza: havia coisas demais lá em casa, guardei coisas demais ao longo dos anos. Será que posso falar em nome de todos nós? Temo que sim.

Em golpes curtos, sem qualquer piedade, lá se foram lembrancinhas repetidas que minhas filhas ganharam em festas de aniversário quando eram bebês; bandejas de café da manhã na cama, que nunca usei porque gosto de tomar café na mesa; um pinguim de geladeira que, sinceramente, nunca reparei que ficava em cima da geladeira e as contas de telefone de…2001, porque a classe média é assombrada pela perspectiva de que a Vivo ou a Claro vão bater na porta cobrando uma dívida impagável de 15 anos atrás sem que você não tenha como provar que já pagou.

Me desfazer dessas coisas (um desencaroçador de azeitonas também foi junto) me trouxe uma sensação de que me despi de inutilidades, e com isso me auto incentivo a fazer o mesmo com as inutilidades interiores, para caminhar mais leve daqui pra frente.

Preservei meus CD’s, mas o desapego recaiu sem dó sobre os livros. CD a gente escuta de tempos em tempos, mesmo que seja espaçado pelos anos, mas livros, com algumas exceções, depois de lidos, das estantes geralmente só saem mesmo em caso de mudança, ou quando são emprestados e, quase sempre, não voltam.

Fonte: cataventodeideias.com
Fonte: cataventodeideias.com

Me desfiz de 80% deles, só fiquei com alguns que ainda não li e que imagino valerem a pena ler, e ainda com aqueles que me marcaram profundamente a vida de leitor e minha formação como autor. E sem nenhum pesar, digo que boa parte deles não me marcou em nada, inclusive os de autores consagrados, nacionais e estrangeiros, os quais só não cito nomes por preguiça de polêmica.

E então, olhando a estante que agora comporta minha esbelta biblioteca, chego a uma certa conclusão de que nossa relação com os livros ao longo do tempo pode ser comparada a nossa relação com as próprias pessoas. Algumas são para sempre, outras marcaram época, mas hoje não têm qualquer importância. E há, claro, aquelas sobre quem nossa lembrança é quase nenhuma, feito um livro que a gente não tem a mínima ideia se já leu algum dia.

O Vinil Eterno

Não tenho lá esses apegos aos meu velhos discos de vinil. Vou me desfazer dos antigos bolachões sem muita dor no coração. Vinil pode ser até legal, mas se realmente for, para mim é que nem fusca: bacana de ver, admirar, mas dirigir mesmo, só fim de semana, uma horinha ou duas e vá lá.

Passei a adolescência inteira e parte da juventude tendo que levantar, no melhor do embalo do que estava fazendo, para virar o lado do disco. Confesso enorme preguiça disso hoje em dia.

Mas na hora de encaixotar os épicos long plays (deixe a boca mole para falar, beibi: long play.), deparei com um que guarda algumas de minhas melhores memórias musicais. Melhores e mais antigas. O disco de estreia de Joan Jett em sua nova banda, logo após ter deixado as Runways, foi o primeiro que comprei em minha vida de consumidor voraz de vinis, posteriormente CDs e em seguida links e MP3. Eu tinha 13 anos e a primeira vez que ouvi I Love Rock’n Roll no rádio, enlouqueci. Felizmente, nunca mais me curei.

Para consegui-lo, fui e voltei a pé da escola durante duas ou três semanas, economizando o dinheiro da passagem. O lanche na escola também dançou. Jejum em nome do Rock ‘n Roll. Quando os trocados já eram suficientes, fui, mais magro de tanto andar e com menos uma refeição ao dia, comprar o bolachão que, agora, mudando de casa e animado para decorar o novo ambiente, pus na moldura para eternizá-lo.

Está lá, em uma das paredes, com as marcas do tempo, do uso, das tantas festas para as quais eu o carreguei na adolescência.

Mais do que o som de uma das minhas guitarristas e vocalistas preferidas, estão naquela moldura doces lembranças de alguns dos melhores anos da vida de um cara que ama os Beatles e os Rolling Stones.
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Dica

Um detetive particular que sofre de amnésia e vai atrás de pistas que revelem seu passado. Ele não sabe nem de fato quem é. Aliás, tornou-se detetive justamente para isso: descobrir tudo o que aconteceu em sua vida antes dos últimos dez anos. Com esses elementos, este clássico de Patryck Modiano – Uma Rua de Roma – tem tudo para ser um livro delicioso. É é.

Fonte: www.rocco.com.br
Fonte: www.rocco.com.br

Pelo direito de bater panela e pela coerência de ganhar no voto

Fonte: objetosdedesejo.com
Fonte: objetosdedesejo.com

Embora eu até possa parecer, nunca fui petista, nem nas priscas eras em que acreditei no partido. Embora tenha votado oitenta por cento das vezes no PT, jamais me filiei. Essa coisa de pertencer a clãs me pinica, e o jornalismo me deixou de pé atrás com partidos, sindicatos, entidades religiosas.

O PT bailou na curva há alguns anos, e ter virado o que sempre combateu quando era oposição antecede o mensalão, que existiu sim , é claro, mas era só a continuação do que sempre houve, mas antes não se sabia, não se divulgava e blá blá blá.

A Dilma tá perdendo o rebolado? Parece que tá. Estou bem chateado de, por exemplo, começar a ver hora de vender o carro pra pagar a gasolina.

Agora, tô arrependido de ter votado nela? Não, nem um pouco.

Eu votaria no Aécio? Só se ele estivesse disputando com o Bolsonaro e o Bolsonaro tivesse 90% das intenções de voto.

Quer botar a boca no mundo neste domingo? Todo o direito do mundo para isso é seu e de quem te acompanhar, inclusive o de bater panelas caras da cobertura, se é o seu caso. Mas vai pedir impeachment?

Além de não haver nada de fático contra a Dilma, veja bem quem vai sentar naquela cadeira se ela sair. O Temer com todos os tentáculos históricos e velhacos do PMDB. O Cunha, que queria que a gente pagasse a passagem da mulher dele e da dos outros deputados. Ou o Renan, que recebia dinheiro de lobista pra pagar pensão da amante, lembra? Sem falar que os dois estão enrolados naquilo em que não há prova contra ela.

Tem o Levandowsky, sobre quem não pesa nada, mas, peraí! Você que é contra o PT e contra “isso tudo que está aí” não dizia que o Levandowsky era pau mandado do Lula na história do mensalão, porque ele se opunha ao “deus da moralidade”, o Joaquim Barbosa? Não é meu incoerente pedir impeachment, então?

Ou será que você quer isso porque acha que vai haver nova eleição e aí você pode eleger o candidato que você acha que vai salvar o Brasil? Aliás, o país está mesmo em desgraça? Tem certeza? Tá ruim, mas, olha, eu tô indo pros 50 e já vi a barra pesar bem mais, viu?

E se você quer isso, tirar a Dilma na porrada pra conseguir colocar quem você quer, não me leve a mal, mas você tá parecendo um tchutchuquinho de mami e papi que perdeu no vídeo game, quebrou o brinquedo e quer que mami, papi ou a babá digam pro coleguinha que quem tem que ganhar sempre é você.

Faz o seguinte: mobiliza teu pessoal pra que teu candidato trabalhe efetivamente no parlamento e desde já elabore propostas claras de governo para 2018. Quando chegar lá, tente ganhar no voto, vai ser muito mais bonito.

E neste domingo, vá com paz no coração, não provoque nem aceite provocação.

Coisas da vida (digital)

Acabei de ter a seguinte conversa no Feici Búqui. Na verdade, na vida real isso sempre aconteceu: nos afastamos de uma pessoa por divergências políticas ou comportamentais. Só ganhou, como tudo nos dias de hoje, os limites da grande rede.

“Fala aí, André. Para evitar que a gente se estresse por causa de opiniões divergentes vou parar de te seguir, ok? Estarei por aqui se quiser falar comigo. Grande abraço.

Bem, eu não estou estressado com você, tanto é que nunca deletei algum comentário seu. Se não curto é porque não concordo. Politicamente, estamos em campos opostos, mas isso é da vida, e com educação e respeito à opinião do outro, leva-se na boa, penso eu. Mas fique à vontade. Grande abraço.

Também não me estresso com você, e quero evitar que isso aconteça.

Por isso te mandei mensagem, para que você não se chateie por eu me afastar. Como nao consigo ficar sem responder é melhor nem ler, rssss.

Perfeito, mas nada do que escrevo é dirigido a você ou a qualquer outra pessoa que, com todo direito, não concorde comigo. Quando falo de política, meu alvo é a conjuntura. Mas, grande abraço!

Grande abraço.”

É preciso acabar com tudo isso que está aí (e mais um pouco)

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Não sei se a rede Giraffa’s de lanchonetes é tão forte no resto do país quanto é em Brasília. Por aqui, só deve perder em número de estabelecimentos pra Igreja do Edir Macedo e pros cursinhos que preparam pros concursos públicos.

Hoje almocei numa delas e no prato que pedi enxerguei um exemplo de como procede tantas e tantas e tantas vezes o empresariado brasileiro, que muito pede e reclama moralidade do Estado e conduta ética dos governos. Quando chegou o tal filezinho sassami, entendi o porquê do nome no diminutivo. Três minúsculos pedaços de frango escondidos sob um também nada generoso ovo frito.

A desfaçatez é de tirar a fome, principalmente quando a banca e a pose da categoria é de quem gera empregos e riquezas, mas – coitados – são sempre e historicamente escorchados pela maldita carga tributária e vítimas da patifaria gatuna que desde sempre campeia no Brasil (como se nunca fossem agentes ativos da corrupção).

Certamente alguém vai me dizer que quem pôs os fiapinhos de frango debaixo do ovo foi um funcionário. Claro que foi, mas treinado por quem?

Também hoje, e minutos após receber o pedido, presenciei outro tipo de conduta histórica, desta vez do povo, outro que de modo contumaz posa de vítima da sem vergonhice estatal, como se não possuísse qualquer responsabilidade – aliás, a maior – sobre a moralidade nacional.

Hora do almoço, Shopping lotado. Antes de entrar na fila a garota de seus 20 e poucos anos põe a bolsa para marcar lugar na praça de alimentação, desprezando solenemente a primazia de quem chegou antes e que com a bandeja na mão procura um tanto aflito lugar para se sentar e almoçar.

É grande a possibilidade de que ela, bem como os donos do Giraffa’s, Zebra’s, Elefante’s ou seja lá que nome tenha, entoem o coro superficial do “é preciso acabar com tudo isso que está aí”.

Sim, concordo, é preciso.

A começar pelos nossos costumes viciados, tanto no âmbito da vida privada quanto da profissional, seja qual for o setor da sociedade a que pertençamos.

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