No bar, no Rio

Depois que o garçom deixou mais dois chopes na mesa, um virou pro outro.

– Sabe o que aquela amiga minha, médica, me contou essa semana? Que um velho tomou viagra e tava lá na boa, em cima da mulher, e de repente teve um piripaque do coração e morreu ali mesmo. Apagou, cara! No meio da cama do motel, com o instrumento armado e lá dentro da sujeita…

Antes que o outro se espantasse, tomou um gole e completou.

– Minha amiga explicou que o velho tinha problema de pressão, não podia ter tomado viagra não. Agora, já pensou? Bater a cassuleta desse jeito?

Quem tomou um gole dessa vez foi o outro, e em seguida, sem fazer mesmo cara de espanto, encerrou a conversa.

– É bem melhor do que morrer atropelado por um ônibus na Presidente Vargas, por exemplo…

Mais chope.

Fonte: crush.com.br
Fonte: crush.com.br

Ressaca, chão duro, móveis novos

Você se empolgou com os discos novos que baixou na loja virtual, a audição entrou pela noite e só no dia seguinte você se dá conta de que tomou quase duas garrafas de vinho porque, lá pelas tantas da madrugada, apagou no sofá da sala e esqueceu de pôr o despertador para tocar às 7h, pois a qualquer momento a partir das 8h entregarão a lavadora/secadora e o sofá cama que você comprou.

Só que você comprou para mobiliar o apartamento novo e é lá que entregarão, claro, não há sentido receber mais nada no endereço do qual você começa a se despedir depois de anos. Acontece que lá , no outro apartamento, com exceção da privada e do chão, não há em que sentar.

Na véspera, antes dos discos e de entornar as duas garrafas, você lembrou que deveria levar ao menos um dos míseros banquinhos de madeira, uma das velhas almofadas desbotadas que fosse. Só que tendo dormido naquele estado ‘pra lá do Reino de Magógui’, você acordou uma hora depois da hora marcada para o início do prazo da entrega, e deu um pulo do sofá, lembrando-se apenas de não sair de pijama pela porta afora.

Não, você não está de ressaca. Você ainda está bêbado. É a conclusão a que chega quando percebe que a Terra gira mais rápido do que o costume pela janela do carro.

Na portaria do prédio, você consegue articular uma frase razoavelmente inteligível, que tenha no meio Casas Bahia e caminhão de entrega.

– Não, não chegou. – o porteiro diz, e você suspira, agradecendo pelo estrago não ser tão grande.

E quando você entra no apartamento novo, o que te espera é a realidade branca e fria do chão de cerâmica. A sua volta, o Planeta insiste em girar com mais pressa que o costume, levando a reboque seu estômago e seu fígado.

Se revezando entre sentar na privada – não para a atividade fim – e sentar/deitar no chão duro, você pensa que o sofá cama poderia chegar logo, assim você poderia estreá-lo com um belo cochilo enquanto aguarda a máquina, pois foram comprados em lojas diferentes.

Mas a vida nem sempre – ou quase nunca – é fácil. E pouco depois, por volta das 11, quem toca o interfone é o entregador da máquina.

O do sofá cama, claro, só dá as caras quase às duas da tarde, resgatando você do sono que te venceu, apesar do chão duro e gelado que pretende fazer farinha das suas costas. .

Be happy

Ser feliz é tocar guitarra no guarda chuva andando pelo shopping.

Fonte: http://blog.suri-emu.co.jp/?p=5247
Fonte: http://blog.suri-emu.co.jp/?p=5247

As coisas que eu faço

Aquilo que eu faço melhor não é a única coisa que eu faço bem.

E aquilo que eu mais gosto de fazer não é a única coisa que me dá prazer.

Mas com certeza aquilo que eu faço melhor é justamente o que eu mais gosto de fazer.

Fonte: rivierapaescongelados.com.br
Fonte: rivierapaescongelados.com.br

 

A felicidade é uma salada verde

Não sou nenhum consultor na área, não tenho  formação em psicologia ou em qualquer outro campo da saúde mental, mas tenho uma vidinha que se aproxima do meio século de existência de um modo mais rápido do que eu gostaria.

A partir disso, é possível falar que um dos grandes progressos no campo emocional é quando nos damos conta de que não precisamos realmente de ninguém para sermos felizes. Precisamos sim de companhia: namoradas (os), amigos e bons colegas de trabalho, dada a nossa condição de seres por natureza sociáveis. Mas atenção! Não confunda essa querência (justa, inclusive) de boa companhia para o desfrute de bons momentos nos vários níveis da convivência humana com o falso papel – e responsabilidade – de outrem em nossa felicidade.

morandosemgrana.com.br/
morandosemgrana.com.br

Essa carga que colocamos no ombro do alheio é a grande esparrela em que caímos quando estamos apaixonados.

Paixão é cortina de fumaça que muitas vezes encobre defeitos e desvios de conduta e caráter. E como é fumaça, o vento acaba levando em algum momento.

Aí, tomado o tombo da realidade, o objeto da paixão pode, não raro, ficar em nossa mente como aquela comida que nos fez passar a noite em claro, sentindo as forças se esvaírem em vômitos, perturbando a madrugada em paz dos vizinhos. Sabe aquele cachorro quente em óleo velho que um dia você comeu voltando pra casa da balada? Pois é.

Mas quando a gente sabe que ninguém, além de nós mesmos, tem a senha do cofre da nossa felicidade, a gente namora, transa e sai com os amigos como alguém que comeu uma deliciosa salada verde com verduras frescas e um filé de tilápia grelhado com ervas finas.

Poesia nua – Calendário 2015

Fotos Estefânia Dália e Bina Moura Arte Marina Mara
Fotos Estefânia Dália e Bina Moura
Arte Marina Mara

A cena da poesia feita em Brasília começou a se movimentar em 2015 com o lançamento do Calendário Poesia Nua, projeto idealizado por Marina Mara e do qual participam outros 14 poetas, entre eles este que vos escreve.  O calendário foi lançado nesta terça-feira, 27, no Lounge Poético do Balaio Café, na 201 norte, em Brasília.

Todos nós, e também Marina, fomos captados pelas lentes de Estefânia Dália e Bina Moura. As fotos, que ganharam o acabamento gráfico da Marina Mara – essa faz tudo – nos mostram desnudos em diversos níveis, mas, acima de tudo, vestidos da coragem de mostrar nossa poesia pão nosso de cada dia.

O resultado é um trabalho belíssimo a ser usado na vida prática dos leitores, já que se trata de um calendário em que, além de nos mostrarmos num ensaio sensual/artístico/poético, traz pequenos textos a serem “despidos” pelos olhos dos leitores ao longo dos doze meses deste ano da graça de 2015 que já passa depressa.

O que for arrecadado com as vendas será destinado à produção dos livros dos poetas participantes.

Quem quiser adquirir o calendário e acompanhar o passar dos dias de uma forma menos óbvia do que na folhinha que a padaria da esquina ofereceu no fim do ano ou aquela que o gerente da Caixa Econômica te deu com tanta boa vontade, entre em contato com a Marina Mara ou com o Lounge Poético no feici búqui, e que, copiando o que pus em algumas dedicatórias na noite de lançamento, que o seu 2015 seja repleto de poesia.

calendário 2

calendário 3

Poetas nus em Brasília!

Por Marina Mara

Após receber das editoras e editais alguns “nãos” e vários “qualquer coisa a gente entra em contato”, quinze poetas de Brasília tomaram uma decisão inusitada: posar nus em um calendário para arrecadar fundos para publicar seus livros.

O projeto chama-se Poesia Nua e será lançado em Brasília no Lounge Poético, dia 27/01, em um sarau erótico, onde os calendários serão autografados pelos “modelos”. Os poetas do projeto têm entre 19 e 61 anos, são homens e mulheres com diferentes vivências, mas com algo especial em comum: o amor à poesia. As artes gráficas e a produção do projeto são de Marina Mara, a poeta-pelada do mês de março que já tem um histórico em projetos inusitados de circulação de poesia pelo Brasil. Segundo Marina, “nossa poesia teve que se desnudar da burocracia do mercado literário para chegar até o leitor – e isso foi libertador.”
O calendário Poesia Nua contou com o apoio da WL Comunicação Visual, do Lotus SPA, da parceria da Mirah Fotografia e apresenta 15 ilustrações que mesclam a arte do renomado artista britânico Banksy com a fotografia das brasilienses Estefânia Dália e Sabrina Moura.
O Poesia Nua prevê, após arrecadar fundos, o lançamento de uma coletânea com 15 livretos com poemas dos poetas do projeto, que são:
Àgata Benício, André Giusti, Aurea Valentina, João Pacífico, Lindha Torres, Maísa Arantes, Mana Gi, Marina Mara, Melissa Mundim, Paula Passos, Prem Supunya, Seirabeira, Tairo Loiola, Tati Carolli e Vanderlei Costa.

Para mais informações: marinamara@gmail.com

Calendário Poesia Nua 2015
Calendário Poesia Nua 2015

 

 

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