Quem nunca…
Ah, aquele biscoito que quem sentou na mesa do café do shopping antes de você deixou intacto na bandeja que a garçonete esqueceu de recolher!
Ah, aquele biscoito que quem sentou na mesa do café do shopping antes de você deixou intacto na bandeja que a garçonete esqueceu de recolher!
Meu Beatle preferido sempre foi John Lennon.
Também pela música (o mais rockeiro dos quatro), mas muito mais pelo comportamento. John foi a personalidade da banda. Sem seu jeito debochado e sua atitude de enfrentamento, o pensamento do mundo talvez não tivesse evoluído tanto nos últimos anos.
Mas isso não significa não amar George e Ringo.
Isso não significa não amar Paul, que, reconheço, é o melhor compositor entre eles.
Quem foi ontem ao estádio Mané Garrincha, em Brasília, viu um artista muito, mas muito longe mesmo de qualquer sinal de decadência. E isso após mais de meio século de carreira. E isso aos 72 anos de idade. Em alguns momentos, pensei que estava ouvindo a música diretamente de um dos CDs dos Beatles ou do Wings, tal a perfeição como ele canta, exatamente como há 40, 50 anos atrás.
Paul McCartney não tem apenas o domínio do palco e do público. Ele tem o domínio pleno sobre a música. Poucos músicos parecem ter tanta intimidade com ela – a música – como ele tem.
Ontem, John, saí do show pensando que, se por acaso havia na humanidade alguma dúvida, não há mais: você, em vida, teve, definitivamente, um parceiro a sua altura.
c/ Sérgio Maciel
Meu amigo prepara a pequena câmera digital amadora e a pousa no tripé, que apesar da aparência frágil, tem boa sustentação, mesmo fincado na brita do estacionamento do Estádio Mané Garrincha.
Dos cultuados anos 80 à segunda década deste século de revolução tecnológica, são 31 anos de amizade. Muita gente, nesse país e mundo de tragédias e barbáries, não chega a soprar tantas velas no bolo.
Apesar desse tempo todo, é a primeira vez que vem a Brasília, e esta será nossa primeira foto na cidade.
Ele ajeita com preciosismo tanto a câmera quanto o tripé, e mesmo com o equipamento pronto para disparar, ainda checa um último detalhe.
– Vem logo, caralho, senão tu não sai na foto! – digo alto, ao que ele responde com uma corridinha em minha direção, ainda ágil feito um garoto, apesar dos 47 anos.
Abrimos os sorrisos e assim ficamos por aqueles segundos que parecem eternos, antes que a foto seja batida. Ouvido o clique da máquina, nos desfazemos da pose, dizendo as mesmas barbaridades que dizíamos um ao outro quando tínhamos 15 anos.
Ele pega a câmera e faz ar de surpresa.
– Ih, cacete! Sei lá o quê eu fiz que ela bateu uma porrada de foto da gente andando…- e ele me mostra a sequência de nós dois lado a lado, dando passos à frente, braços jogados, sorrisos naturais, jeito espontâneo. O que não foi programado é muito melhor do que a foto em que cruzamos os braços e prendemos a respiração.
– Parece foto de capa de disco…- ele diz me mostrando uma em especial, em que nossos sorrisos parecem mais sinceros, levando a crer que a vida não precisa mesmo de muita coisa para valer a pena.
Talvez precise, basicamente, ser verdadeira e autêntica, sem fingimento ou poses forçadas, feito alguém que aparece bem numa foto sem saber que foi fotografado.
Um dia,
prometo,
eu ponho a cabeça no lugar
e conto pro mundo inteiro
os benefícios físicos e mentais
de surtar de vez em quando.
Meu 6º livro já entrou na gráfica. Chama-se AS ESTRANHAS RÉGUAS DO TEMPO.
O lançamento está previsto para dezembro, pela editora Multifoco, do Rio.
Ele reúne pequenas crônicas sobre comportamento que escrevi aqui para o blog no período 2009 – 2014.
No gênero crônica, é meu livro de estreia.
Por enquanto, curtam a capa.
Mas já já vem o resto, ok?