Dica de música

Essa música é uma das músicas mais lindas que ouvi nos últimos anos…
A banda é bem interessante. Nada de espetacular, mas altamente “ouvível”…

E tem a versão instrumental também

https://www.youtube.com/watch?v=LWD1Crp_6vg

Pensando melhor agora

Passei boa parte da vida me achando culpado por quase tudo que acontecia.

Mas olhei pra trás, olhei bem e acho que enxerguei melhor.

Depois disso, me sinto mais aliviado, feito alguém que estava com dor nas costas e entrou debaixo de uma cachoeira forte.

Eu posso não ter sido inocente na maioria dos casos, mas não fui o único culpado.

Aliás, em muitas das vezes, nem fui o principal.

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A falsa civilidade do trânsito de Brasília

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Hoje de manhã avancei um sinal de pedestres e fui repreendido com um gesto por um motorista que estava na pista contrária.

Penso que mesmo o respeito às leis podem e devem passar pela racionalidade.

Eram 7h e não havia sequer sombra de alguém para atravessar.

Confirmei olhando para os dois lados, mais de uma vez. Nem o vento gelado dos últimos dias passava na rua.

Cansei da falsa civilidade do trânsito de Brasília, sustentada em muitos casos por um certo tipo de motorista mais preocupado em parecer do que ser respeitoso.

Meu gesto, tenho absoluta certeza, não pôs em risco a segurança de ninguém, ao contrário de dirigir falando ao celular, e, pior ainda, digitando mensagens no smartphone, transgressões cada dia mais observadas nas avenidas e eixos que desenham a capital do país.

Não é difícil apostar que uma parte considerável de quem fica parado num sinal de pedestres domingo bem cedo (sim, existe) pagando de motorista zeloso, não se furta a atender o celular mesmo numa curva ou a responder o uatizáp ainda que numa via cuja velocidade é 80 km.

A estes, somam-se os que andam pela esquerda sem dar passagem e os que não conhecem, quando ao volante, a palavra gentileza. Fora os que desconsideram a existência da seta.

Cariocas não gostam de sinal fechado, mas não é o caso de fazer jus à fama, e sim de usar o bom senso.

Transparente, ou nem tanto?

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As poucas propagandas sobre eleições no Brasil são permeadas pela ideia de que o sistema eleitoral em nosso país é não apenas democrático, mas extremamente seguro e também transparente.

Nossa Constituição garante a todos o direito de escolher seus representantes e governantes. O voto eletrônico, asseguram, vem equipado com instransponíveis dispositivos antifraude. As medidas tomadas pela Justiça Eleitoral permitem que a sociedade acompanhe de perto todo o processo eleitoral.

Bem, acho que o fato de o voto ser obrigatório já é um chute na canela da nossa democracia. Quanto ao segundo ponto, não sou técnico em informática para desafiar a infalibilidade de nossas urnas.

Mas experimente ir ao portal do Tribunal Superior Eleitoral para saber sobre o financiamento de campanha, ou seja, quanto e de quem cada candidato está recebendo dinheiro para bancar os custos de ser eleito.

Penso que pela importância do tema, isso deveria estar estampado em cor de abóbora no site do tribunal. Para chegar a essa aba na página do TSE, o eleitor não chega a entrar num labirinto, mas também não encontra porta escancarada e tapete vermelho.

E a situação complicará se você quiser saber, por exemplo, qual candidato a deputado tá enchendo mais a burra com a  grana dos financiadores. Você só terá essa informação se digitar um por um o nome de quem, em tese, está correndo atrás de trabalhar pelo bem do país, dos estados e do Distrito Federal. Para isso, é simplesmente necessário saber o nome de cada um deles que está nas ruas pedindo voto. Ou seja, impossível.

Dessa forma, a transparência eleitoral fica parecendo um vidro um tanto embaçado.

E se não é completa, não pode ser transparência.

 

Quanto vale a dor de cada um

Amigo meu, tendo visto seu castelo no plano amoroso desabar repentinamente, tentou desabafar com um parente próximo. No lugar do consolo e do ombro amigo, recebeu a frase dura e as mãos vazias de afeto: ah, tem tanta gente morrendo de fome na África e você sofrendo por causa de um namoro.

Tão errado quanto achar que a nossa dor é a mais lacerante do mundo é desprezar a dor do semelhante, relegá-la ao plano das ‘desimportâncias’ face ao tanto de sofrimento e injustiças que desde sua criação se abate sobre a crosta deste pequenino planeta que flutua na imensidão.

Dor é dor. Da perda de um filho a de um animal de estimação. Do brinquedo quebrado da criança ao emprego do qual se foi mandado embora. Do amor que julgávamos sendo o de nossa vida à traição do amigo que tínhamos como irmão.

Não cabe contabilidade para se chegar ao resultado de que a minha é maior ou a dele dói mais. A escala da dor é interna e traçada de acordo com a capacidade de cada um em suportá-la.

Não ache que a dor do outro é menos importante do que as mazelas terrenas.

Por outro lado, viva a sua com a intensidade que ache necessária, até porque a dor também leva ao aprendizado.

Não é por isso que você vai deixar de se preocupar com a fome na África.

dor

 

 

O primeiro Dia dos Pais*

Quase não tenho memórias do meu primeiro dia dos pais. Sei que minha filha mais velha era bebê, estava beirando fazer um ano e ainda não andava. Portanto, tinha que carregá-la no colo, carrinho ou no tal bebê conforto, cujo nome correto deveria ser “papai desconforto”. Por causa dele, aliás, precisei aumentar a carga na musculação e fazer alongamento que nem gato.

A lembrança mais forte me remete a um único detalhe da festinha na creche onde a pequena havia sido matriculada. Era uma frase, sem assinatura, no painel do corredor principal: “Pai, pise firme! Eu seguirei os seus passos.”

Nunca descobri o autor, assim como jamais li qualquer outra coisa tão bela e significativa que se referisse à relação pai e filha(s), no meu caso. Consegue ser objetiva e ao mesmo tempo ampla em sua mensagem, enquanto que sua força está nos sentimentos de confiança e responsabilidade que carrega. O primeiro, da parte de quem fala. O segundo, do lado de quem ouve.

Ao ler a frase, me peguei chorando a ponto de pôr os óculos escuros para disfarçar. Metade das lágrimas, claro, era por causa do primeiro dia dos pais como pai. A outra metade – e ali só eu sabia disso – era por causa do primeiro dia dos pais do filho que meses antes ficara órfão. Órfão de pai.

*Publicado em 10.8.2013

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