Três coisas

1 – É desumana a repetição das imagens da mulher sendo arrastada pelo carro da Polícia Militar no Rio. A essa altura da cobertura jornalística, mais de 48 horas após o acontecido, é de se perguntar que informação ela agrega ao esclarecimento dos fatos, que por causa da própria imagem já são por si só extremamente claros. A única soma que trazem é de dor ao desespero da família.

2 – Digamos que, por uma hipótese absurda, uma parte do México ou do Canadá se rebelasse e decidisse se anexar aos Estados Unidos. E que essa decisão fosse tomada pelo parlamento local, com base numa consulta popular de maioria esmagadora a favor da anexação. Haveria toda essa comoção mundial que não leva em conta a decisão soberana de um povo?

3 – Com essa história da Crimeia, quem tá Putin é o Obama.

Músicas para lembrar o horror 1

Daqui a duas semanas, o golpe militar de 1964 completa meio século. Não há como nominar aquele movimento de outra forma: foi golpe, pois retirou do poder um presidente escolhido pelo povo, e no caso de Jango com o particular de que à época votava-se também para Vice-Presidente da República, ou seja, ele não chegou lá com os votos dados a Jânio Quadros.

Para “comemorar” essa o meio século do início de um dos períodos mais trevosos da vida nacional, todos os dias postarei em meu blog e também no feci búqui links de músicas que combateram ou falaram da ditadura militar no Brasil. Tudo para que não deixemos que se repita o período que dizimou vidas e famílias e atrasou não apenas o desenvolvimento material da nação, mas também a sua própria inteligência.

A música é certamente o gênero artístico mais tocante ao coração humano, tanto para falar de amor quanto para denunciar a tirania.

O mínimo de visão histórica sobre o período me impediria de começar esta série com outra canção que não fosse esta:

https://www.youtube.com/watch?v=1KskJDDW93k

PS: Quem quiser me mandar links – pro blog ou pro feici – fique à vontade.

Marcha da família

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Livros da Minha Vida 6 – A Borboleta Amarela e O Verão e as Mulheres

A borboleta Amarela

Chego a pensar que hoje esta coluna do blog deveria se chamar, excepcionalmente, Escritores da Minha Vida.

Para mim é bem mais fácil falar de Rubem Braga do que de um livro dele em particular, mas como a proposta é esta, escolhi falar primeiramente de A Borboleta Amarela, minha porta de entrada no mundo de um autor que foi bem além de participar da minha formação como leitor.

Lendo o velho Braga, em A Borboleta Amarela, fui assaltado pelas primeiras certezas de que minha profissão seria mesmo o jornalismo. Logo depois, na adolescência, a puerilidade dos meus poemas de início já era acompanhada por aquela permanente solidão do homem na cidade, que tanta poesia emprestou às páginas frias dos jornais em que Braga trabalhou durante décadas.

Pois escrevendo prosa, Braga fez poesia urbana e quotidiana, ou seja, nada mais suficiente para ser poeta.

O verão e as mulheres

Anos mais tarde, ao ler O Verão e as Mulheres, deparei com dois dos mais belos textos da literatura brasileira (embora muita gente torça o nariz e não considere literatura o gênero que consagrou meu mestre e de tantos): a própria crônica que dá nome ao livro e sua versão masculina, ou seja, O Verão e os Homens.

Nas poucas vezes em que releio meus contos já publicados, percebo o espírito do velho Braga conduzindo várias histórias também em minha fase adulta de escritor, e admito que, mesmo que com milhas de distância para sua capacidade de tornar lindo o banal, eu tento fazer o mesmo.

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