O legado Gigia

Um dos argumentos que o Governo e outros defensores da Copa no Brasil usaram para convencer a população de que o evento seria ótimo para o país é que daríamos um salto de qualidade em infraestrutura. Uma das molas que impulsionaria esse salto seria o transporte.

Nada mal termos a Copa por aqui e ainda deixarmos de perder duas, três horas de nossas vidas por dia para irmos e voltarmos do trabalho. Desfrutaríamos o tal legado da Copa. Lembram-se dessa expressão?

E aí, então, nos convenceram. Ou ao menos nos convenceram a ter esperança.

Pois bem. Em Brasília, o Veículo Leve sobre Trilhos, VLT, se ficar pronto, só cruzará a cidade a partir de 2018. Dois anos depois das Olimpíadas do Rio, que terá competições por aqui, quatro anos após a Copa, a mesma que nos convenceram a apoiar em troca de acreditar em cidades funcionais e mais humanas.

Não sei exatamente como andam as obras Brasil afora, mas as notícias que me chegam não são alvissareiras. A não ser dos estádios, pouco se fala em inauguração e muito em atraso, quando não superfaturamento.

De presente nebuloso, o futuro do tal legado da Copa parece nos reservar uma frustração modelo gol do Gigia na final de 50.

Gol do Gigia

Agradecimentos

Gostaria muito de agradecer a todos que compareceram ao lançamento de meus livros Voando pela Noite (Até de manhã) – 2ª edição e Histórias de Pai, Memórias de Filho na última sexta-feira, 8, na Livraria Blooks, na Praia de Botafogo.

Entre as dezenas de pessoas, havia companheiros queridos com os quais trabalhei há mais de 20 anos e que já não via, no mínimo, há uma década. Com todo carinho, estiveram lá para prestigiar não somente o autor, mas também a pessoa; não somente a pessoa, mas também o autor.

A noite foi a prova de que, quando o assunto são amigos e bons companheiros, a qualidade é importante, mas se ela vier também em quantidade, é ainda melhor.

Para quem não pode aparecer, e quiser adquirir os livros, é só dar uma olhada no meu site (acesso no alto do blog, à esquerda).

Um abraço e, mais uma vez, Grazie mille!

foto de capa

Flamengo: a esperança dos números da história

Os números e a história do Flamengo provam: dos seis títulos nacionais que o clube levantou, três foram com técnicos que saíram das vísceras rubro-negras. 1987 e 1992 com Carlinhos e 2009 com Andrade, isso sem falar no primeiro brasileirão, 1980, erguido sob a batuta de Cláudio Coutinho, e o segundo, 1982, com o comando de Paulo César Carpegiani. Quando das conquistas, os dois já estavam há anos na Gávea, sendo que o segundo saiu do próprio elenco para dar as ordens fora das quatro linhas.

Com exceção de Carlos Alberto Torres no tri brasileiro de 1983 (fazendo-se a ressalva de que pegou o time pronto), nunca tiramos grandes campeonatos com esses malas de Luxemburgos, Manos e Muricis da vida. Não é só craque que o Flamengo faz em casa. Técnico também.

E eis que agora, se não ainda os números, mas a história já começa a se repetir.

Jayme de Almeida, zagueiro mediano nos anos 70, leva a uma decisão nacional um time que até um mês atrás só poderia almejar como o máximo do sucesso a fuga do rebaixamento.

Se essa diretoria pretende realmente mudar a história desastrosa das diretorias do Flamengo nas últimas décadas, deveria manter Jayme de Almeida e o atual elenco.

O Flamengo não ganhou nada ainda, até porque o Atlético Paranaense merece respeito, mas só essa esperança de que o ano que vem pode nos oferecer a chance de uma temporada vitoriosa já valeu este 2013 que se anunciava trágico.
Bandeira do Flamengo

Livros da minha vida 1 – O Coelho Sabido

O coelho sabido

Eu nem alfabetizado era ainda, portanto é de se esperar que esta seja mesmo a minha mais embrionária memória livresca. Tanto é que quando lembro do pouco que guardei da história, o que me vêm é a voz de meu pai lendo para mim. Talvez até por isso o livro seja a marca inicial da minha navegação por esse fantástico mar que é a leitura.

Para falar a verdade, nem sei ao certo se a foto que aparece aí é realmente da capa da mesma obra. Ao longo da vida, perdi o exemplar que eu tinha, e na busca pelo Google o que me apareceu foi esse, com essa capa, que, com certeza, não é a mesma dos meus cinco ou seis anos.

Da história, a única coisa que restou em meus desgastados arquivos de homem quarentão é que as orelhas do tal coelho eram pequeninas, e que por causa disso o “fofucho” tinha lá seus complexos. Só que o bichinho era tão gente boa, tão camarada, que Deus, lá pelas últimas páginas, pegou com carinho em seus cotoquinhos de orelha e os esticou, dando um final feliz à narrativa.

O resto da lembrança é o amor com que, todos os dias e a meus pedidos, meu pai me contava a história.

Livros da minha vida

Começo hoje, aqui no blog, a série Livros da minha vida. Meses atrás, cheguei a rascunhá-la no feici búqui apenas com a foto das capas dos livros, e mesmo assim não fui adiante.

Agora, além da foto, pretendo escrever algumas linhas sobre os livros que marcaram minha vida.

Bem mais que uma breve resenha, os posts dirão sobre a lembrança que tenho do que li de mais importante para mim e que mais marcou minha infância, adolescência, juventude e, agora, maturidade.

Logo mais postarei a primeira “resenha lembrança”.

Aguardem!

Livros

A comodidade de viver sem tesão

sem tesão

O que nos cansa, nos pesa os ombros e oprime o peito é essa insistência incorrigível em ser felizes no trabalho, no namoro, no casamento.

Então, veja só que bestas somos: ainda achamos que se deve fazer vestibular para aquele curso, cuja carreira nos trará realização íntima, pessoal.

Abramos mão do sonho, da ideologia e nos aquietemos; amuados, mas quietos, sem desgastes, como todos os demais que vivem à sombra morna de uma vida sem saltos, mas também sem sobressaltos.

Trabalhemos tão somente pelo o que deve ser o bastante: pagar as contas, manter os filhos no colégio e não dever demais ao cartão de crédito.

Almejemos um diploma que nada nos traga além da capacitação a um excelente cargo público num concurso disputado, pois o valioso nessa vida são o salário e a estabilidade.

Assim será mais fácil que fiquemos juntos, mantendo as aparências debaixo do mesmo teto, com uma ou outra eventual escapulida ou até uma desconhecida vida dupla, acreditando que o normal, o correto é mesmo a tão propalada teoria do “com o tempo a paixão acaba, o amor se transforma e vira companheirismo”, e que, adeptos dela, não somos nem seremos solitários.

Amigo, amiga, não sejamos tolos com essa teimosia de felicidade: é tão mais fácil ser como a maioria e aceitar que não é necessário fazer as coisas com tesão.

Sobre Ferraris, Shelbys, ônibus e metrô

Possuo uma característica típica do brasileiro mediano, aguçada, quem sabe, pela ascendência italiana: sou apaixonado por automóvel, não nego.

Acelerar numa estrada, domar suas curvas é, certamente, um dos maiores prazeres que tenho. Dirigir numa rodovia me economiza o dinheiro de umas três sessões de terapia.

De uns tempos para cá, no entanto, passei a conceber o automóvel como um objeto de arte, um vinho francês de pequena produção ou um chocolate artesanal, que precisam ser poupados da pressa diária das refeições, pois devem estar reservados para inesquecíveis noites de sábado e vagarosas tardes de almoço de domingo.

Portanto, do mesmo modo que me dá tédio essa massa uniforme de vinhos sul americanos e bombons de caixa de papelão – embora sejam o que está à altura do meu salário -, me enfadam também essas casquinhas de ovo de 1000cc ou a ausência de graça e charme desses modelos asiáticos, todos basicamente com os mesmos desenhos e aparência.

O que me comove são os carros esportivos; se forem antigos, então, mais comovido ficarei. Ser dono de uma Ferrari GTO 1962 ou de um Ford Shelby Cobra (fotos) da mesma época certamente povoam o terreno de meus sonhos mais ardentes. E também mais improváveis de serem realizados.

Mas meu sonho de locomoção vai um pouco – nem tanto – mais além, embora esta última parte, apesar de pequena, pareça ser ainda mais difícil de ser concretizada: viver num país e numa cidade em que eu possa, de segunda a sexta, deixar o carro – ou obra de arte – na garagem e ir trabalhar e voltar para casa de ônibus ou metrô decentes.
Ferrari_250_GTO_34_2
shelby-cobra-5

Rolar para cima