A carne só assa com a brasa acesa
1)Durante o calor das manifestações do mês passado, algumas mensagens criavam diálogos passados num futuro daqui a 50 anos se referindo a toda essa confusão como a revolução de 2013.
O exagero é patético, mas é inegável que os frutos vieram, embora alguns de forma atropelada, sem a devida análise que mereciam.
Quando se poderia imaginar o Congresso pensando em abrir mão do recesso ou o Senado derrubando o voto secreto em toda e qualquer situação, inclusive quando se trata da própria pele dos senadores?
O problema é que isso tudo é bem parecido com um churrasco. A gente vai lá, toca fogo no carvão, a labareda sobe, acende a brasa e a carne assa. A brasa tá acessa, a carne tá assando, mas se o churrasqueiro relaxar e deixar pra lá, a brasa apaga. E a carne – eles – só vai prestar mesmo com a brasa acesa.
2)É constrangedora a posição de alguns setores da esquerda que, em vez de aceitarem e entenderem o que aconteceu/está acontecendo, preferem desqualificar tudo, em especial com aquela história de “criados a pera e Ovomaltine”. Volto a dizer: quem foi às ruas derrubar o Collor tinha o mesmo perfil sócio econômico dos manifestantes de hoje, a diferença é que usavam camiseta e botton do PT e da CUT.
Quanto ao PT, não inventou a corrupção e precisa ter a história respeitada, mas não pode ficar agindo como aquele sujeito que, anos atrás, era o dono da festa e agora fica fazendo pirraça porque não é convidado.
3)Há assunto muito mais importante para a Presidente Dilma propor que a população responda no plebiscito. Voto facultativo e reeleição são ótimos exemplos. Mas ela perdeu uma ótima oportunidade de mostrar que está “antenada com os anseios do povo”, para usar uma expressão que os políticos adoram.
4)Quem acha que plebiscito é desnecessário tem medo da vontade popular.