Na moral, Bial, que porcaria
Estou de costas para a TV ligada e ouço a inconfundível voz do Pedro Bial anunciando as atrações do programa que ele apresenta, o tal Na moral, que me parece mais uma tentativa desesperada da TV aberta em reverter a queda de audiência dos últimos tempos.
A voz do Bial é ótima, radiofonicamente perfeita, mas é difícil descrever minha irritação quando a ouço, tal é sua identificação com o lixo que a telinha vem jogando em nossas casas nos últimos anos.
Eu não tinha, até agora, qualquer conceito formado sobre o tal Na Moral, mas a chamada do programa, que apenas ouvi, pois – repito – estava de costas, me comprova que, apesar da roupagem descolada do título e da ginga enjoativa do apresentador, é mais do mesmo da pobreza televisiva.
A quem possa interessar, o tema do programa de hoje (é hoje? Nem sei…)é o preço do corpo humano. Como não se disse com clareza o que será discutido, cheguei rapidamente a pensar que se tratava de algo relativo à prostituição, mas logo o modo “simpático e legalzinho” do Bial apresentar me esclareceu a dúvida: quanto vale o popozão da popozuda?, ele pergunta.
Já nem cabe mais discutir como um jornalista como o Bial, que para os moldes de TV era um grande profissional, derrapou na curva tempos atrás e está até agora caindo no abismo da babaquice.
O que me desanima é que a cada dia a televisão perde mais e mais oportunidades de ser um veículo pertinente, interessado em construir uma sociedade melhor.
E o que me entristece é que o objetivo é esse mesmo, não há ninguém por trás das câmeras cometendo algum engano.