Em tempos de compartilhamento instantâneo de conteúdo, a censura serve muito mais como gasolina do que água na fogueira.
Proibir a veiculação de uma mensagem só faz com que ela ganhe com mais força ainda o continente sem fronteira das redes sociais.
Aí, acontece justamente o que o censor queria evitar: que todas as torcidas do planeta conheçam o que ele proibiu de direito, mas, devido ao mecanismo frenético da comunicação atual, não de fato.
A matéria da Revista Crusoé censurada pelo STF mantém o padrão das matérias nascidas a partir do vazamento (seletivo) da lava-jato: acusações sem provas de alguém que está de olho nos benefícios da delação premiada. Nada mais.
Com o dedo anacrônico da censura, ganhou holofote que não teria se a parte atingida ficasse calada e fizesse ouvido de mercador, como diziam avós distantes em nossa infância.
Tão lamentável quanto a censura é o STF ocupar seu tempo de modo corporativo, trabalhando a favor de interesses particulares de seus integrantes.
Fala-se, com razão, da qualidade do atual Congresso, muito aquém de um parlamento que já teve Ulysses e Tancredo, para ficar em apenas dois exemplos.
Qualidade maior não parece ter o Judiciário de hoje em dia.
O que não é, de modo algum, motivo para fechamento.
De nenhum dos dois.