Choque de gerações no Rock’n Roll.

Bom para mim é Led Zeppelin. Foi o que ouvi outro dia de um rockeiro passado dos quarenta. Soltou essa depois que alguém, no trabalho, falou que Franz Ferdinand era bom.

Diria ao meu contemporâneo que tão bom quanto o Led é o U2, seguidos de perto pelo Pink Floyd, The Who e Black Sabath. E melhor que os dois primeiros – e que todos – são os Beatles.

O critério aí utilizado, lógico, é o do gosto pessoal. Não faço do meu verdade absoluta.  Mas a opinião de meu contemporâneo revela choque de gerações no patamar do Rock`n Roll, e serve para rápida discussão.

Fomos criados ouvindo todas essas bandas. E mais Raul Seixas, Mutantes, O Terço. Isso na infância. Na adolescência, a geração coca-cola descobriu o mundo ao som do BRock, o chamado Rock Brasil. E mais o que vinha de fora: Smiths, Jesus and Mary chain e por vai. Ou melhor, foi.

Quando os anos 90 chegaram, nossa formação musical já estava consolidada, mas nela ainda cabiam coisas novas. E aí vieram Pearl Jam, Nirvana, e para muitos o Oasis, o Red Hot chili pepers. E nosso universo de bandas novas se cristalizou por aí, chegou no máximo até 1995.

Confesso que até os primeiros anos da década de dois mil, pouco ou quase nada me interessei em conhecer o que surgia de novo. Penso que só os Strokes conquistaram algum território em meus ouvidos.

Com o advento da tecnologia dos MP3 e o costume de baixar música pela rede substituindo o de comprar CD, descobrir bandas novas virou passa tempo corriqueiro. Recentemente verifiquei que os caminhos trilhados por John, Paul, Plant, Ozzy, Bono e tantos outros, não estão perdidos como julguei em determinada época, ou como persistem em suas convicções alguns amigos oitentistas.

O mais interessante, no entanto, é perceber que, assim como em todo os campos da arte ou de qualquer outra atividade humana, nem sempre os melhores são os que carregam os louros da consagração. Descobri bandas que mesmo alguns rockeiros bem mais jovens que eu praticamente desconhecem, e que na minha modesta opinião são bem melhores musicalmente do que outras que estão dezenas de degraus acima na escadaria da fama.

Para ser rápido, citarei como exemplo apenas duas bandas, quase anônimas nesses mares do sul e de tietagem de Franz Ferdinand e Cold Play. A pronúncia do nome de uma delas, talvez a melhor de meus achados, é dúvida até mesmo para quem me apresentou. Falo dos Raconteurs. Pouco descobri dos caras. Tenho vaga idéia de que a maioria deles são americanos e se juntaram em 2005. Parece que já gravaram uns três discos, não chego a ter certeza. Essa, só tenho mesmo de uma coisa: o CD a que tive acesso – Broken boy soldiers – é uma das grandes coisas que se fez na história do Rock. Eles usam baking vocals, algo que julguei exterrminado pelas novas gerações. Não falarei mais, procure ouvir.

Meus passeios pela modernidade rockeira me revelaram outra banda que se tornou de meus encantos. Black rebel motrcycle club. Em uma olhada rápida pela Wikipedia, descubro que também são americanos e já gravaram bens uns seis discos. O que consegui – How!, de 2005 – ouvi umas quatro vezes seguidas.

Talvez meus contemporâneos me perguntem: o que esses caras fazem de novo em termos de Rock’n Roll? De novo, provavelmente nada, mas mantêm o nível, continuam fazendo muito bem o que de muito bom já foi feito até hoje, dão a certeza de que o Rock tem mais uns 50 anos de lenha para queimar.

Em tempo: Franz Ferdinand não está com essa bola toda mesmo não, e Arctic monkeys é, no geral, muito chato.

5 comentários em “Choque de gerações no Rock’n Roll.”

  1. meu caro berna, é um prazer tê-lo no blog. Não me toquei de que havia relação deles com o white stripes, não liguei que fossem o mesmo cara. foi escutar melhor white stripes. valeu pelo toque.

  2. berna beat

    fala, giusti. se tu curtes racounters (eu curto) devo lhe informar que tu deves curtir mais ainda (eu curto) a banda primeira de um dos camaradas racounterianos. é o white stripes, banda do guitarrista-cantor jack white. imagine o led zeppelin dentro da garagem, em vez de em estadios de beisebol, e tu terás certa noção do peso bluesy electrico dos stripes. recomendo fortemente, principalmente, os discos “white blood cells” e “elephant”… para uma audição mais folker acaipirada, tem tb o mais recente, “icky thump”.
    da safra 2010 (ja estamos em mais uma decada), fico com the xx. é deles a melhor música do ano passado (“crystalised”). tipo um sonic youth mais on dope.
    mas eu gosto mesmo é de bob dylan.
    abrazo

  3. Guilherme Guedes

    A grande verdade, André, é que sempre que começamos a acreditar que o rock está morto, ele dá um último suspiro.

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