Ela já foi um cachorro que entrava em casa, subia no sofá, metia-se nas cobertas quando dormia na cama dele.
Fazia cocô e xixi na sala.
Até que um dia ele resolveu que ela ficaria lá fora, e fechou a porta das visitas e também a dos fundos.
Hoje ela ainda late, mas é lá do fundo do quintal, presa na casinha, sem água nem ração.
Às vezes, quando a casa está em silêncio, ainda se ouvem seus latidos, cada dia mais exaustos.
Chegará o dia, e este não tardará, em que ela estará morta ao amanhecer, e ele a enterrará sem qualquer emoção.
Apenas com as marcas secas do tempo em que ela entrava em casa.
Existem notícias que são difíceis de se ler e imagens que doem, incomodam, são difíceis de se ver. Temos muito ainda que caminhar e aprender nesse mundo e nesse país: “a educação de um povo se avalia pelo modo como trata os animais”.