Considerações sobre o caldeirão fervendo 2

Uma: pode parecer certo o repúdio aos partidos políticos pelas manifestações. E levando-se em conta o quilate deles nos dias de hoje, é certo mesmo. Mas queiramos ou não, eles são instrumentos fundamentais à política, e sem política não há como implementar as mudanças que se pedem nas ruas.

Mesmo que eles fossem extintos, a luta por um país justo reuniria pessoas que, apesar do mesmo propósito, teriam visões distintas sobre o mesmo ideal, pois a divergência na forma de enxergar as coisas faz parte da natureza humana. E aí cada qual se alinharia àquele que tem o pensamento e o interesse (e interesse não é necessariamente algo egoístico e individualista) mais próximo do seu. Haveria, portanto, associação por afinidade de pontos de vista e objetivos, o que, aliás, deveria ser o princípio purista dos partidos.

Talvez não seja o caso de exigir que acabem, mas sim que mudem e cumpram sua finalidade: fazer política em favor da sociedade. E quando se vai às ruas com o propósito dos últimos dias, indiretamente está se pedindo isso.

Outra: quando as TVs destacam e massificam o que o dito vandalismo tem promovido nas passeatas, elas querem faturar na audiência, como bem lembra meu amigo Sergio Maciel. Afinal, mostrar os vidros estilhaçados da agência bancária e o ônibus incendiado chama mais atenção do telespectador do que o mérito das manifestações. Esse é o objetivo, digamos, comunicacional e mercadológico. Mas não é o único. A tentativa de desmerecer o movimento dos últimos dias não está morta na telinha. E esse é o objetivo político.

Mais uma: hoje, na hora do almoço, hora de trânsito intenso, cerca de 50 servidores administrativos do Governo do Distrito Federal fecharam uma das principais avenidas da cidade. Em frente ao Palácio do Buriti, sede do Governo local, pediam a gratificação, o abono, o reajuste retroativo a sei lá quando, enfim, todo aquele mimimi de um tipo de funcionário público que só grita pelo próprio bolso e interesse. Não entenderam ainda que se para uma cidade, um país, o mundo inteiro, se preciso for, pelo interesse coletivo, pelo bem estar geral, e não pela satisfação do próprio umbigo.

A última: Marco Feliciano e todos que apoiam o tal projeto da cura gay, e que não são evangélicos necessariamente, são a voz e as mãos das trevas resistindo nesses dias em que procuramos a luz.

1 comentário em “Considerações sobre o caldeirão fervendo 2”

  1. angela giorgio

    Às vezes é preciso zerar e começar de novo…
    Gostaria de um plebiscito…
    Enfim, melhor movimentar do que ficar em berço explêndido!
    Abs

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