Da fila do Detran como meio de aprimoramento espiritual

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Acho que hoje galguei uns três degraus na escada da minha evolução espiritual.

Passei três horas dentro do Detran do Distrito Federal. Sem me irritar, sem reclamar. Quem mora aqui sabe que isso é para os fortes.

Às oito da manhã, me deparei com uma fila de umas 200 pessoas. Para pegar a senha. Lá dentro, umas 300 já aguardavam o atendimento. Gastei metade de meu dia esperando que o documento do meu carro fosse liberado.

Deixei para a última hora resolver pendências. Aliás, para depois da última hora, pois o prazo para isso venceu na semana passada. Então, além do Estado, havia outro culpado por eu ter passado três horas da minha vida em uma repartição pública cuidando de burocracia: eu mesmo.

Respirei fundo e pus na cabeça algo que já deveria ter posto há anos: os maiores prejudicados somos nós mesmos quando perdemos as estribeiras, quando perdemos o controle diante de situações adversas, muitas das quais nós mesmos procuramos com nosso desleixo em resolver as coisas na hora em que deveriam ser resolvidas.

Saí de lá com a documentação do carro legalizada, livre de mais dor de cabeça caso fosse parado numa blitz. E saí leve, sem ter jogado adrenalina desnecessária no sangue e um monte de ácido nas paredes do estômago.

Na rua me perguntei por que não ajo sempre assim, e me prometi me fazer acompanhar em situações futuras e semelhantes desse sujeito que hoje esteve no Detran.

O que não isenta o Estado da obrigação de prestar bom atendimento ao contribuinte. Seja ele zen budista ou um fio desencapado em forma de gente.

1 comentário em “Da fila do Detran como meio de aprimoramento espiritual”

  1. Denise Giusti

    Muito bom! A vida é assim, primeiro nos forçamos e treinamos, depois esse tipo de comportamento calmo e sabendo esperar, será tão natural que nem lembraremos que já teve tempo em que ficávamos irritados por tudo e nada adiantava só complicava. Devagar chegamos lá! Será que consegui me fazer entender?

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