Direito à greve e ao respeito

A greve dos servidores públicos federais de alguns ministérios confirma o talento do sindicalismo brasileiro para angariar a antipatia da sociedade.

A greve não conta com adesão de todo e qualquer servidor público, muito menos dos chamados funcionários terceirizados dos ministérios, que não possuem a benemerência da estabilidade. Como não conseguem convencer com argumentos quem não quer ou não pode cruzar os braços, os sindicalistas apelam para táticas que ultrapassaram a fronteira do antidemocrático: chegaram ao campo do desrespeito.

Perfilados na porta dos ministérios, buzinam nos ouvidos de quem entra as irritantes vuvuzelas que sobraram da última copa. Como intimidação, em nome da mobilização da categoria, valem os xingamentos de qualquer nível, não importando se quem vai na direção das portarias é, por exemplo, uma mulher grávida prestes a dar a luz, e quer exercer o direito de ir e vir, tão constitucional como o direito de fazer greve.

Seria mais digno e admirável se optassem pelo enfrentamento e partissem para os piquetes, que foram impedidos pela Polícia logo no segundo dia de greve. Mas parece que falta aos sindicalistas de hoje não apenas a dignidade, mas a coragem, por exemplo, de professoras estaduais que, em 1988, enfrentaram os cassetetes e bombas de gás da tropa de choque da PM num protesto em frente ao Palácio Guanabara, ocupado, na ocasião, por Moreira Franco, um dos piores síndicos a passar pelo Governo do Rio de Janeiro.

Com buzinas e xingamentos, a única adesão que conseguem é a uma corrente que começa a desejar que nenhuma das reivindicações – que até devem ser justas – seja atendida.

1 comentário em “Direito à greve e ao respeito”

  1. Raymundo Jr.

    Amigo,
    Não contesto o direito do servidor em fazer greves, desde que justas e dentro da legalidade, entretanto, sei bem o que faz existir um verdadeiro calendário de greves: acho que em outubro bancários, não sei quando professores e por ai vai.
    Sabe qual é causa das mesmas estratégias todos os anos?
    É bem simples:
    Primeiro, acham que estamos em Marte, pois pedem o absurdo!
    Quando a corda está para arrebentar, ou seja, já conseguiram o que realmente queriam, logo aparece o golpe fatal: aceitam o retorno sem desconto dos dias parados. É isto! Fica muito fácil, ou seja, causam transtornos absurdos a população e depois, levam sempre algo e não perdem nada!
    Acho que está aí a questão! O dia que os órgãos (universidades, escola publicas, bancos, receita federal, polícia federal) descontarem os dias parados, com toda a certeza, teremos apenas greves justas e dentro da legalidade.
    Abraço
    Raymundo Jr.

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