Márcio Menezes, escritor conterrâneo meu, tem uma bela capacidade de criar personagens fodidos.
Não no sentido material, financeiro, econômico.
Muito pelo contrário.
Os caras podem não ser ricos, mas passam longe da pindaíba.
Dos livros que li do Márcio, os personagens/narradores viajam pro exterior e até moram em outros países.
Mas são fodidos emocionalmente, com a vida amorosa confusa, meio sem rumo, cheia de idas e vindas e reviravoltas, quando não destruídas.
E tudo isso, claro, descamba para outros planos da vida pessoal e vaza para os relacionamentos de uma forma geral.
Foi assim em Barcelona não é Espanha (Rubra Editora) e agora no recém-lançado Heroína, mon’amour, os dois com narrativa ágil, direta, objetiva, sem enrolação, e com cenas e situações cruas que envolvem quem está lendo, para o bem ou para o mal.
Nos dois livros, sujeitos de classe média caem de cara na vida buscando algo que lhes preencha um vazio que, no fundo, é de todos nós nos dias de hoje.
Olhando para trás, tudo que já vivi, em vários recortes eu me senti personagem dos livros de Márcio Menezes.