Histórias de pai, memórias de filho

A enfermeira idosa, cuja coleção de nascimentos assistidos há muito entrara no imenso campo dos milhares, entregou-lhe a filha enrolada em panos e mantas. Para ver pela primeira vez o rosto mais amado de sua vida, sem jeito ele teve que desfazer um tanto aquele embrulho. Assemelhava-se ao faminto que precisa vencer a casca grossa da fruta até chegar à polpa. Ela vai ficar com a gente? Perguntou, entortado pela falta de habilidade em segurar pacotes frágeis. Para sempre, respondeu a enfermeira, que dando as costas foi tratar de outro que chegava ao mundo.

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