Recebo a informação de que a repórter lourinha que humilhou em Salvador um acusado de estupro foi afastada do programa Brasil Urgente e que provavelmente será demitida da Band.
A medida é fruto da grita nas redes sociais nos últimos três dias. Não fosse isso, Mirella Cunha estaria até agora entrevistando bandidos e fazendo aquilo que a imprensa muitas vezes não se dá conta de que não é seu papel fazer: julgar e, de preferência, condenar.
Mas quem tem o mínimo de experiência em uma empresa de comunicação sabe que a engrenagem não gira sozinha. Essa coisa fascinante que é produzir notícias depende de várias mãos que movem várias alavancas.
Não obstante sua postura preconceituosa como pessoa, Mirella Cunha agiu da forma como mandaram que ela agisse. Que seguisse a receita de todos os dias. O problema é que agora o bolo desandou, mas não única e exclusivamente por culpa de quem o estava assando.
Desde o final da sua primeira infância (anos 60) a televisão não se faz de improviso. É algo planejado, organizado e estruturado. Não apenas materialmente, mas também intelectualmente.
A repórter fez as perguntas que descambaram para a humilhação.
Mas alguém editou o material.
Alguém autorizou que fosse ao ar.
Outro alguém bancou(anunciou)o programa.
E, finalmente, alguém utilizou uma concessão pública para veicular preconceito e humilhação.
Portanto, em um programa de TV, quando ocorre um erro, a lista de puníveis não se limita a quem está com a cara no vídeo. Mirella era o lado mais fraco da corda, e como tal, foi o primeiro a arrebentar.
Precisa acontecer o mesmo com o lado mais forte, que aliás, a essa altura, já deve estar selecionando currículos de outras lourinhas e moreninhas.
É, André, nesse planeta, isto é, nesse País em todos os setores a corda arrebenta sempre no lado mais fraco! Ótimo texto como sempre!