Muito além do Jornal Nacional

Jornal do Commercio
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Uma grande placa em material que me parece fórmica veda a entrada de uma das lojas do Boulevard Shopping, na Asa Norte, em Brasília.

Trata-se daquelas propagandas informando que em breve uma nova loja será inaugurada naquele espaço, estratégia de marketing conhecida nos shoppings.

Aponto a foto colorida do anúncio e chamo a atenção de uma de minhas filhas: há quatro crianças sorridentes no anúncio.

Nenhuma é negra.

Depositphotos
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À noite, nas redes sociais, um sem número de posts celebram e comemoram Maju Coutinho, a 1ª negra a apresentar o Jornal Nacional, carro chefe do jornalismo da emissora que historicamente reserva às atrizes negras o papel de cozinheiras ou domésticas.

Aos atores negros, por sua vez, cabe interpretar motoristas de madames brancas, e que sempre se engraçam para as cozinheiras e domésticas, ou seja, nada de ultrapassar limites tácitos da aceitação da sociedade.

Não consigo enxergar qualquer otimismo ou sinal de novos tempos em uma mulher negra na bancada do JN.

Isso não deveria ser motivo de fogos e não seria se as estruturas desse país promovessem realmente igualdade, algo que vai (e precisa ir) muito além de uma apresentadora negra pondo o rosto na TV.

Antes de ela aparecer na bancada do Jornal Nacional, deveria ser corriqueiro, por exemplo, os negros nos comerciais. E em maioria, inclusive.

Maju na bancada do JN é embelezar o jardim de uma casa com grave infiltração nas paredes, piso esburacado e teto com goteira para tudo quanto é lado, um embelezamento para ser visto apenas de fora, por quem passa na calçada.

1 comentário em “Muito além do Jornal Nacional”

  1. LUIZ ROBERTO

    Concordo com você, de qualquer forma não deixa de ser um passo a frente!

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