Torcer pelo Flamengo é uma das maiores convicções de minha vida.
Desta forma, o reverso da medalha é desejar, com ardor semelhante(mas não na mesma intensidade, (até porque o objeto em questão não merece tal comoção emocional) que o Vasco esteja sempre no mais rasteiro, úmido, fétido e obscuro dos limbos do planeta terra.
Mas devo confessar que o massacre sofrido pelo arquirrival em Porto Alegre me despertou um nobre – e estranho – senso de piedade. Eu gostaria que existissem dois Vascos da Gama. Um seria o dos meus amigos, por quem o afeto é infinitamente maior que as diferenças clubísticas. O outro é o Vasco do Eurico Miranda.
Gostaria, com a sinceridade de amigo, que o primeiro não fosse rebaixado,que o time poupasse meus companheiros cruzmaltinos de copos e aventuras da dor e da vergonha de ver o time rebaixado pela terceira vez no intervalo de apenas uma década.
Quanto ao segundo, o deste câncer do futebol e da moralidade nacional chamado Eurico Miranda, este sim, que fosse parar na 23ª divisão do futebol do Nepal. E que por lá permanecesse por toda a eternidade. E que isso representasse o banimento de Eurico do mundo da cartolagem, levando consigo tudo de ardiloso que o fez contribuir, e muito, para a morte do futebol brasileiro, começando pelo carioca.
O problema é que, olhando a tabela e assistindo aos jogos do time, acho que nenhum dos dois, nem o Vasco de meus amigos, nem o do Eurico, caso existissem, podem se livrar do rebaixamento.