O Brasil que a gente compra e o Brasil que a gente paga

prateleiras

A trabalho, tenho visitado algumas indústrias no Distrito Federal, pois Brasília não é apenas essa repartição pública a céu aberto que o país imagina.

Hoje, em uma fábrica de pães, que exporta até para os Estados Unidos, alguém que estava comigo na visita chamou a atenção para as instalações da fábrica.

A simplicidade espartana começava pela sala de trabalho de um dos sócios, onde mal couberam ele, a esposa, eu e as cinco pessoas que eu acompanhei. Oito no total.

Nos esprememos ainda mais porque em uma mesa transversal estava um delicioso café da manhã. Cada um de nós se serviu, não havia ninguém para fazer isso.

PGR

Não sou servidor público. Estou servidor público. Pela terceira vez, aliás.

Nessas passagens, me acostumei a ambientes amplos, salas e antessalas e corredores com sofás e outras salas de espera. E mais móveis, e mesas, e cadeiras para todos os lados. Em um dos órgãos públicos em que trabalhei, no espaço do gabinete principal moraria, com conforto, uma família de quatro pessoas. E em todos eles, garçons e copeiras, café e água gelada pra cá e pra lá, entrando e saindo de intermináveis reuniões.

Sem falar nos vidros fumês, nos pisos de mármore.

Não vanglorio nem execro a iniciativa privada. Não defendo estado mínimo nem estatizante. Cada um tem sua função, que precisa ser exercida com eficiência em prol da sociedade, não visando apenas o lucro, muito menos o interesse político.

Mas inegavelmente existem dois países.

Um é o que a gente compra nas prateleiras (em forma de pão de queijo, por exemplo).

O outro é o que a gente paga em forma de imposto.

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