Muitas vezes é difícil conversar com quem amamos.
O desejo de pais, irmãos e amigos de nos verem bem, ao largo de qualquer problema e dificuldade, faz com que nem sempre sejam eles pessoas certas para desabafarmos, contarmos os motivos daquilo que justamente nos fez procurá-los na busca de apoio.
O afã de nos tirarem da enrascada lhes rouba muitas vezes o que mais queríamos quando batemos à suas portas: ser escutados.
Nem bem desenhamos a confusão em que nos metemos, e já despejam suas experiências de vida, seus conselhos que, pelo que parece, se logo aplicados, nossos dias voltarão ser azuis.
“Veja só o meu caso”, “Seu eu fosse você”, “Você precisa entender que”. E as frases prontas vão se encadeando na conversa de tal forma que, quem olhar de longe, pensará que eles é que precisavam soltar a voz, dissolver aquele bolo angustiado que fica virando dentro da gente quando as coisas não vão bem. No final, agradecemos pelo carinho, pela preocupação, e voltamos pra casa do mesmo jeito que ali chegamos, sem nosso desabafo. A única diferença é que além da cabeça, os ouvidos também estão cheios.
E aí, buscamos o caminho do consultório do analista. A gente paga, mas pelo menos ele fica calado escutando.