O estranho amor de irmã

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Chamou a irmã do meio de branquicela, lagartixa e magricela.

Sua mimadinha! Ouviu em troca.

Eu te odeio, garota horrorosa! Encheu o peito e replicou.

O pai mandou que parassem, sem ânimo para investigar os motivos para aquilo tudo. Quando as três filhas brigavam, todas estavam certas, e, ao mesmo tempo, nenhuma tinha razão.

Apressou as três. Iriam ao laboratório. A do meio teria que colher sangue para exame.

Mas o que é tão banal virou confusão. A menina, ao ver a agulha espetá-la e a seringa ser tomada, de repente, por aquele tom grená que lembrava os vinhos do pai, empalideceu, revirou os olhinhos e desmaiou.

Acorreram enfermeiros de todos os lados. Puseram algodão embebido em éter em suas narinas, e a criança foi, aos poucos, voltando, mas bastante esmaecida; os lábios acinzentados recobravam a cor.

A enfermeira trouxe um lanche. Era importante acabar logo com aquele jejum de 12 horas, necessário para a coleta.

Entre as duas irmãs – a mais velha e a caçula – a filha do meio voltava a si, com um copo de chocolate encostado à boca e um pão de queijo erguido proximamente, esperando a hora de uma dentada.

E quem segurava o pão de queijo, carinhosamente preocupada, era ninguém mais ninguém menos que a mais nova, a mesma que apenas uma hora antes vociferara as piores ofensas possíveis para uma menina de nove anos.

– Ué, você não disse que odiava a sua irmã? – e o pai perguntou, irônico, um leve sorriso de quem conhecia o limite da raiva daquelas pequenas.

Ela quis segurar o riso, mas não conseguiu. Mesmo assim, não deu o braço a torcer.

– Eu odeio, mas não quero que ela morra.

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