O primeiro Dia dos Pais*

Quase não tenho memórias do meu primeiro dia dos pais. Sei que minha filha mais velha era bebê, estava beirando fazer um ano e ainda não andava. Portanto, tinha que carregá-la no colo, carrinho ou no tal bebê conforto, cujo nome correto deveria ser “papai desconforto”. Por causa dele, aliás, precisei aumentar a carga na musculação e fazer alongamento que nem gato.

A lembrança mais forte me remete a um único detalhe da festinha na creche onde a pequena havia sido matriculada. Era uma frase, sem assinatura, no painel do corredor principal: “Pai, pise firme! Eu seguirei os seus passos.”

Nunca descobri o autor, assim como jamais li qualquer outra coisa tão bela e significativa que se referisse à relação pai e filha(s), no meu caso. Consegue ser objetiva e ao mesmo tempo ampla em sua mensagem, enquanto que sua força está nos sentimentos de confiança e responsabilidade que carrega. O primeiro, da parte de quem fala. O segundo, do lado de quem ouve.

Ao ler a frase, me peguei chorando a ponto de pôr os óculos escuros para disfarçar. Metade das lágrimas, claro, era por causa do primeiro dia dos pais como pai. A outra metade – e ali só eu sabia disso – era por causa do primeiro dia dos pais do filho que meses antes ficara órfão. Órfão de pai.

*Publicado em 10.8.2013

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