O T-rex mora no shopping

Trex

Ceilândia é a maior e mais populosa cidade do Distrito Federal.

Já existe há mais de 40 anos e não tem, nem jamais teve, um cinema.

Apesar da alta densidade demográfica, possui muitos espaços vazios, que são públicos, e que tanto por meio do estado quanto da iniciativa privada, poderiam e deveriam ter recebido, há anos, locais de lazer, de atividades esportivas, de manifestações culturais.

A fotografia é a mesma em várias outras periferias do Brasil, oprimindo uma juventude sedenta por ter o que fazer, por canais de expressão e de canalização de uma energia própria da idade.

Fomentando tudo isso, há uma arguta percepção da injustiça social, que, sem válvulas de escape, se transforma em revolta, deságua no que estamos vendo acontecer nos shoppings, para o horror da classe média, espantada porque nunca se importou em tomar conhecimento dessa juventude posta debaixo do tapete das grandes metrópoles.

Mas não é só isso.

Esses jovens são também a face mais maltratada da sociedade de consumo, esse tiranossauro rex alimentado de hora em hora pela mídia e sua responsabilidade social desprezada em prol do faturamento; pelo Estado/governo que incentiva a produção para fins de consumo como caminho para o crescimento, e por nós mesmos, com nossos cartões de crédito estourados, comprando aquilo que não precisamos, apenas porque está em promoção e dá pra pagar em dez vezes sem juros.

Consumir tornou-se doentiamente um modo de vida.

Se assim não fosse, seria possível um “rolezinho” marcado para os parques, teatros, cinemas e não par a selva envidraçada e refrigerada em que vive o T-Rex.

 

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