O Vinil Eterno

Não tenho lá esses apegos aos meu velhos discos de vinil. Vou me desfazer dos antigos bolachões sem muita dor no coração. Vinil pode ser até legal, mas se realmente for, para mim é que nem fusca: bacana de ver, admirar, mas dirigir mesmo, só fim de semana, uma horinha ou duas e vá lá.

Passei a adolescência inteira e parte da juventude tendo que levantar, no melhor do embalo do que estava fazendo, para virar o lado do disco. Confesso enorme preguiça disso hoje em dia.

Mas na hora de encaixotar os épicos long plays (deixe a boca mole para falar, beibi: long play.), deparei com um que guarda algumas de minhas melhores memórias musicais. Melhores e mais antigas. O disco de estreia de Joan Jett em sua nova banda, logo após ter deixado as Runways, foi o primeiro que comprei em minha vida de consumidor voraz de vinis, posteriormente CDs e em seguida links e MP3. Eu tinha 13 anos e a primeira vez que ouvi I Love Rock’n Roll no rádio, enlouqueci. Felizmente, nunca mais me curei.

Para consegui-lo, fui e voltei a pé da escola durante duas ou três semanas, economizando o dinheiro da passagem. O lanche na escola também dançou. Jejum em nome do Rock ‘n Roll. Quando os trocados já eram suficientes, fui, mais magro de tanto andar e com menos uma refeição ao dia, comprar o bolachão que, agora, mudando de casa e animado para decorar o novo ambiente, pus na moldura para eternizá-lo.

Está lá, em uma das paredes, com as marcas do tempo, do uso, das tantas festas para as quais eu o carreguei na adolescência.

Mais do que o som de uma das minhas guitarristas e vocalistas preferidas, estão naquela moldura doces lembranças de alguns dos melhores anos da vida de um cara que ama os Beatles e os Rolling Stones.
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