Onde a elite vai arranjar uma empregada?

Pouca gente percebeu, mas uma das maiores gafes em campanhas eleitorais dos últimos tempos foi cometida no debate da TV Band entre quatro dos candidatos que postulam ocupar o governo do Distrito Federal. Seu autor, o lendário Joaquim Roriz, candidato de uma coligação arranjada às pressas para a corrida eleitoral.

Roriz coleciona processos, denúncias e mandatos como governador do Distrito Federal. Acusado de populista e clientelista, se defende dizendo que o que importa a ele são os pobres, nos pobres está a razão de sua vida política, um discurso que torna compreensível a acusação.

Ao final de mais uma resposta em que rechaçava a pecha que lhe recai nos ombros há 20 anos, Roriz disse que não se pode querer uma cidade apenas com ricos. Se assim for – nas palavras dele – “como iremos encontrar uma empregada doméstica?”

Há cerca de oito anos, a secretária de Educação de um de seus governos já havia dito que com tanto programa social existente, os moradores do Lago Sul – a Ipanema/Leblon de Brasília – já não mais encontravam passadeiras, arrumadeiras e outras “eiras” serviçais. O nome da secretária é Eurides Brito, a mesma que aparece nos vídeos escandalosos da roubalheira em Brasília colocando na bolsa parte da grana da maracutaia.

Sabemos que entre os pobres desse país há muitos que preferem o peixe a vara de pescar. Mas uma rápida olhadela pela história, nos mostrará que na elite econômica também há os adeptos do pouco – ou nenhum – esforço, para os quais o dinheiro é ótimo, melhor ainda se vier da falcatrua ou da exploração daquela outra parte dos pobres, a que empunha a vara de sol a sol e nunca que consegue fisgar um peixe gordo que dê pra família toda.

Então, para não terem que aprender a cozinhar e a lavar os pratos, há mais de 500 anos alimentam dia a dia a miséria desse país.

8 comentários em “Onde a elite vai arranjar uma empregada?”

  1. Nós da elite estamos acostumados a ver o trabalho braçal de forma degradante, como disse o “Socio”. Mas o que é ainda mais difícil de mudar é a forma como o trabalhador braçal se vê. A pouca estima que tem por sua condição os leva a concordar e até mesmo defender esta postura de submissão. Ouço frequentemente pessoas de classe mais baixa defendendo o Roriz, achando uma dádiva morar num barraco, ganhar um lote, sacolejar diariamente no péssimo transporte público e não querer sair de onde está, no sentido geográfico e social. Espero que seja impugnado, pois senão vai nos governar mais 4 anos. Brasília termina de afundar!

  2. DESCULPE ANGELA.MAS É ASSIM EM TODO O BRASIL. ESTAMOS ACOSTUMADOS, DE FORMA HISTÓRICA, A VER O TRABALHO BRAÇAL COMO DEGRADANTE. SOME-SE ISTO A VERGONHOSA POLÍTICA DA ESCRAVIDÃO, AINDA ARRAIGADA EM NÓS.

  3. giovani iemini

    o que eu achei mais engraçado do debate foi quando o horroriz disse que “se um lider (como ele) for de reputação ilibada, seus comandados seguirão seu exemplo”.
    pena que ele não dê o exemplo e tb não siga bons exemplos.
    ê brasil.

  4. angela giorgio

    TRISTE !!! TD !!!
    VOU COMPARTILHR NO FACEBOOK, OK?
    SEI NÃO … NO RIO, ACHO QUE JÁ Ë UM POUCO DIFERENTE !!! SERÁ QUE ESTOU SENDO BAIRRISTA??? ABS

  5. HUGO GIUSTI

    O mal no Brasil é que existe muito poucos intelectuais e homens inteligentes se candidatando, a maioria é sempre gente de nível ruim, são os que tem coragem de encarar a política. E assim como os competentes querem sempre ficar de fora porque acham a politica um ambiente hostil e de muita chateação, o Brasil vai levando este tipo de pensamento e ações vergonhosas dessas mentes doentes e aproveitadoras já por muitos anos. Agora quem vai se cantidatar Romários da vida entre outros que nada conhecem ou estudaram. Esse é o nível. Acho que os homens bons tinham que ter coragem e se candidatar e mudar o Brasil. Quem sabe daqui a 300 anos, quando toda essa geração terrivel sair daqui.
    Muito bom os teus comentários André.

  6. Acrescento a isso aquela história dos moradores do Sudoeste, que não quiseram escola pública no bairro para que as crianças pobres não aparecessem por lá.

  7. André, eu e o maridones conversamos sobre essa frase do Roriz lá em casa ontem. De fato, não dá para esperar nada diferente de alguém assim.
    Esse comentário do ex-governador me faz lembrar de várias atitudes igualmente hipócritas, vindas ou não de políticos. Dois exemplos:
    1) Várias pessoas que conheço (ou conheci) criticaram a expansão das linhas do metrô ou a construção de estações do metrô prõximas às suas casas. A alegação: tudo isso seria capaz de aumentar a criminalidade nas regiões adjacentes, pois — teoricamente, segundo essas pessoas — quem anda de transporte público é, em sua maioria, pobre e/ou criminoso.
    2) Você já foi ao shopping Cidade Jardim, em SP, aquele cuja joalheria foi assaltada? Se não foi, vá até o terraço, que tem vários restaurantes e uma hipervaranda. Pois essa varanda é toda aberta, menos na face que dá de cara para a favela de Heliópolis (bem ao lado). Bem nessa parte, foi colocado um cipreste supergrosso, talvez para não ofender a vista das socialites.

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