Para Gianna Xavier
Eu vou escrever um poema
Que pareça alegre
à moça que acha triste
A minha poesia.
Um poema que a ela
soe contente,
embora eu lhe conheça
A verdadeira essência
E o real sentido.
Um poema que,
Imbuído do consagrado
Fingir de poeta,
Fale de sol,
Mesmo que eu saiba
Seu significado de tempestade
e vendaval.
Um poema que para a moça seja dia claro,
Ainda que eu o conceba
Como madrugada que não alcança aurora.
Que a faça pensar em asa de gaivota
Quando no fundo conto
De animal na jaula.
Que eu disfarce opressão
Fazendo-a entender liberdade,
Que ela perceba igualdade
Quando para mim é ferida
De preconceito e discriminação.
Que a moça leia em meu poema
Conversa alegre
De amigos em bar,
Mãos de namorados em parque,
E que só eu saiba
Que é canto de solidão e abandono.
Que a moça que acha
Triste a minha poesia
Acredite que eu falo de sorriso
E que jamais sequer desconfie
Que meu poema trata de lágrimas
Do título ao verso final.
Que show! Só a poesia permite isso, essa ambiguidade de olhares, ou de sensações. Ou, ainda, que o leitor dê ao texto um sentido só seu, mesmo que diverso do que quis lhe dar o poeta.
Isso é o que torna tão mágica, né?
Impressionante.
Se eu repetir o que penso de seus poemas, vai parecer um “ cópia e cola”. Há algo
de triste , sim, em seus poemas. Afinal, ele é reflexo de um cotidiano em um país onde precisamos nos refazer diariamente. E esse cotidiano – com suas dores e amores – é cantado com maestria por você. E vc faz um grande encontro de sentimentos entre poeta e leitor. De pé , mais uma vez, lhe aplaudo .
Tristeza e alegria fazem parte da poética, assim como da vida. A alternância é salutar, não podemos é estagnar em nenhuma.
Seu jeito ímpar de nos tirar da zona de conforto ao ler suas poesias, ou contos, ou crônicas, e que nos faz desejar mais e mais. 💐
A gente se reconhece nessa irmandade de poesia e de tons avessos aos risos sem trava.
Mais uma vez, eu me encontro em teus versos. Mais uma vez, eu só posso dizer que gosto muito do que você escreveu.