Prêmio São Paulo de Literatura: indicados e favoritos

Por Alexandre Pilati*

 

No último dia 29 de maio, foi divulgada a lista dos finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2010. Composto por duas categorias, a de melhor livro do ano e a de melhor autor estreante, o evento oferece R$ 200 mil a seus vencedores e após três edições já se tornou um dos mais importantes do país, sendo tomado como prévia do Prêmio Portugal Telecom. O prêmio é uma promoção da secretaria de estado da cultura de São Paulo.

Nesta terça, dia dois de agosto, numa cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista, serão conhecidos os vencedores. Entre os nomes que concorrem ao prêmio principal,o de “Melhor livro do ano” estão os de Chico Buarque, João Ubaldo Ribeiro e o do angolano Ondjaki. Já na categoria “Melhor Autor Estreante” destacam-se os nomes de Carlos de Brito e Mello, Edney Silvestre, Ivana Arruda Leite, entre outros. A editora de maior destaque é a Compahia das Letras que conseguiu emplacar seis entre os vinte títulos indicados nas duas categorias.

Melhor livro do ano (2009):

Bernardo Carvalho, “O filho da mãe” (Companhia das Letras)

Chico Buarque, “Leite derramado” (Companhia das Letras)

João Ubaldo Ribeiro, “O albatroz azul” (Nova Fronteira)

Luiz Ruffato, “Estive em Lisboa e lembrei de você” (Companhia das Letras)

Ondjaki, “AvóDezanove e o Segredo dos soviéticos” (Companhia das Letras)

Paulo Rodrigues, “As vozes do sótão” (Cosac Naify)

Raimundo Carrero, “A minha alma é irmã de Deus” (Record)

Reinaldo Moraes, “Pornopopeia” (Objetiva)

Ricardo Lísias, “O livro dos mandarins” (Alfaguara)

Rodrigo Lacerda, “Outra vida” (Alfaguara)

Melhor Livro do Ano – Autor Estreante (de 2009):

Brisa Paim Duarte, “A morte de Paula D.” (Edufal – Alagoas)

Carlos de Brito e Mello, “A passagem tensa dos corpos” (Companhia das Letras)

Carol Bensimon, “Sinuca embaixo d’água” (Companhia das Letras)

Cíntia Lacroix, “Sanga menor” (Dublinense)

Claudia Lage, “Mundos de Eufrásia” (Record)

Edney Silvestre, “Se eu fechar os olhos agora” (Record)

Ivana Arruda Leite, “Hotel Novo Mundo” (Editora 34)

Ivone Castilho Benedetti, “Immaculada” (WMF Martins Fontes)

Lívia Sganzerla Jappe, “Cisão” (7 Letras)

Maria Carolina Maia, “Ciranda de nós” (Grua Livros).

Os favoritos:

Leite derramado de Chico Buarque

Texto que mostra o Chico Literário maduro. No enredo, um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. A fala desarticulada do ancião cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.

A passagem tensa dos corpos Carlos de Brito e Melo

Construído de forma original, com 156 capítulos curtos, A passagem tensa dos corpos trata de um tema consagrado, a morte, com uma abordagem e ambientação surpreendentes.

O narrador-personagem, figura indefinível e incorpórea, não é visto nem percebido por ninguém. Sua principal ocupação é percorrer cidades e registrar as mortes que encontra pelo caminho. Numa dessas localidades, há um morto insepulto, cuja família não parece disposta a velar ou enterrar. Como se nada tivesse acontecido, o cadáver é mantido amarrado à cadeira na mesa da sala, a esposa e a filha se ocupam dos preparativos para o casamento da menina, e o filho do morto permanece trancado no quarto.

Hotel Novo Mundo – Ivana Arruda Leite

Hotel novo mundo é o primeiro romance da contista, blogueira e cronista Ivana Arruda Leite lança. O enredo contempla um hotel barato do centro de São Paulo, onde se cruzam as histórias de várias personagens, tendo como figura de ligação a personagem Renata, uma ex-prostituta que, traída pelo marido rico, abandona sua casa no Rio de Janeiro e transfere-se para a metrópole paulistana. Um livro em que, segundo Ignácio de Loyola Brandão, “a ironia, o sarcasmo e o humor cortante saltam desde a primeira página”.

*Alexandre Pilati participa comigo do bate-pao literário na BandNews FM 90,5 – Brasília, todas às 2ªs às 16h51, com reprise às 3ªs às 11h31.

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