Sobre adoção por casais homossexuais

Conheci um garoto na época de colégio que aos quinze anos flagrou o pai transando com a empregada na cama em que dormia todas as noites com a esposa, mãe do menino.

Pode-se imaginar que tipo de entendimento ele tenha hoje, homem maduro, quanto ao que seja respeito num relacionamento homem-mulher. Ou talvez, quem sabe, o trauma que a cena tenha lhe provocado o fez optar pela lealdade e pela honestidade no namoro, no casamento.

De qualquer modo, sua cabeça não deve ter atravessado incólume o choque ao longo da vida.

O casamento perdurava ao menos até a época em que éramos colegas de escola, afinal, na época, a aparência de família unida e feliz valia mais do que a união e a felicidade verdadeiras.

Outra vez, ouvi de uma delegada de polícia que as mulheres ricas têm resistência a prestar queixa quando apanham do marido. E não se separam. “Não é só por causa do padrão de vida, é por causa do que vão dizer a famílias, os amigos, a sociedade”, ela me explicou. “Então, fica a todo mundo junto, na mesma casa, vivendo o inferno?”, perguntei. Ela fez cara de sim, pois é.

Não consigo enxergar no que a adoção de uma criança pobre, sem lar, sem perspectiva na vida por um casal gay possa ser mais prejudicial do que a criação com bases em infidelidade, desrespeito e violência conjugal de um casal hetero, dentro dos conformes da padronização social.

Quem tem filhos – e mesmo quem não tem pode imaginar – sabe que as demonstrações de amor, afeto e respeito dentro de uma casa vão ajudar a construir a personalidade dos futuros adultos, estarão presentes na forma como se relacionarão e tratarão as pessoas.

É difícil aceitar, e difícil de compreender quem aceite, que a existência desses três elementos – amor, afeto e respeito – esteja condicionada à opção sexual.

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