Após vinte anos publicando livros, aprendi algumas pequenas coisas.
Duas delas reparto aqui, porque talvez sejam úteis para uma meia dúzia de três ou quatro que começam a se arriscar no mesmo caminho.
A primeira é sobre a noite autógrafos.
Aprenda que aquela pessoa que não foi ao lançamento dificilmente comprará seu livro depois.
Não nutra esperanças no caso da velha promessa: “ah, eu não vou poder ir, mas quero comprar depois, e autografado”.
Esse tipo de pessoa até existe, mas não lota um fiat mille. E se o livro for de poesia, elas cabem numa moto.
A outra coisa é pensar em ter leitores, e não compradores de livros.
Portanto, dispense do desembolso aquele seu grande parceiro, que te adora, que você adora, mas que o último livro que ele leu foi no segundo ano da faculdade. E mesmo assim no resumo.
É sério, não queira vender livros por amizade, isso não terá o efeito que você esperava quando abdicou parte de sua vida para ficar na frente de um computador. O único efeito será o numérico.
Tenho grandes amigos, e mesmo parentes que considero, que jamais leram uma única linha que escrevi nesses mais de trinta anos de ofício.
Não deixaram de ser meus amigos, e jamais deixarão. Não por isso.
Agora, tenho leitores com quem provavelmente nunca me sentarei numa mesa de bar.
Mas que são uma das razões do meu trabalho.