Livros da Minha Vida 4 – As Aventuras de Tibicuera

As Aventuras de Tibicuera, em edição dos anos 70
As Aventuras de Tibicuera, em edição dos anos 70

Escolhi o jornalismo porque gosto de escrever.

Mas não apenas por isso.

Porque gosto de informação e de pressentir que um fato é mais importante do que aparentemente parece ser, e que por isso ele pode se transformar em informação útil à sociedade.

Gosto da pressa, da correria que o jornalismo – muitas vezes com exagero – exige de todos nós.

Amo o imprevisto. O imprevisível – embora exista rotina sim – da minha profissão.

Mas de uns anos para cá, confirmei algo de que já desconfiava.

Escolhi o jornalismo porque amo história. História do Brasil, a qual, de uma forma inconsciente quando novos, e pretensiosamente quando veteranos, achamos que escrevemos diariamente.

Entre tantas nascentes desse amor, uma são os livros. Um, em especial: ‘As aventuras de Tibicuera – que são também as do Brasil’, de Érico Veríssimo, escritor completo.

O livro conta a história de um índio que atravessa a História do Brasil, desde o descobrimento até meados do século 20. Ele presencia a chegada de Cabral, assiste à Primeira Missa, ao Grito do Ipiranga, Abolição da Escravatura e Proclamação da República. Não satisfeito, conhece e convive com os personagens principais desses fatos. Para se ter uma ideia, uma dor de dentes o leva a conhecer o alferes Joaquim José da Silva Xavier.

O li há mais de 30 anos, portanto não me lembro se Érico colocou no livro uma visão crítica de nossa história, que é um encadeamento de opressões e injustiças sociais; mas, sendo ele o autor, é certo que não há deslumbramento. Em todo o caso, foi um livro que, na minha idade escolar, ajudou e muito a assimilar as principais informações sobre os cinco séculos de nossa existência como país, e que, alguns anos depois, já na adolescência, de uma certa forma carregou parte da responsabilidade pela minha escolha profissional.