O apresentador Pedro Bial em entrevista à Rolling Stone brasileira desdenha da credibilidade. Acha que quem a quer são os pastores, os padres e sacramento: não quero que acreditem em mim. Encerra a afirmação dizendo que “os jornalistas em geral sem levam muito a sério”.
Não precisa ser formado em jornalismo para ao menos supor que a credibilidade é o elemento principal do trabalho de um jornalista. Se não somos acreditados no que escrevemos e dizemos, qual sentido de acordar todos os dias, chegar em casa altas horas, atravessar fins-de-semana e feriados longe da família fazendo o que escolhemos fazer, ou seja, notícia?
Um jornalista que abre mão da credibilidade é como o médico que se lixa para a precisão na hora da cirurgia, como o engenheiro que abdica da exatidão do cálculo. Pouco caso com a credibilidade é porta aberta para a informação imprecisa, amiga íntima da mentira, frequentadoras da mesma roda de calúnia, injúria e difamação.
A declaração do apresentador daquele programa que me eximo de dizer o nome parece própria de quem saturou do que faz há anos, de quem ataca a principal qualidade de algo que não quer mais. Tudo bem, Bial tem esse direito, mas poderia deixar isso claro: não acreditem mais em mim, pois não quero mais ser jornalista. Os telespectadores estariam liberados definitivamente de vê-lo como agente de informação confiável. Os estudantes, por sua vez, de tê-lo como modelo.
De minha parte acho que posso pegar o exemplar de Revolução ao vivo, que Pedro Bial escreveu nos anos 80/90 com a também jornalista René Castelo Branco sobre a queda do Leste Europeu, e jogar fora a parte dele.
ainda bem que o niemeyer se preocupa se o prédio fica de pé, acho que o estilhaço afetou mais do que a audição do Bial.
fala, giusti.
li essa rolling stone do mês e achei o bial meio deslumbrado. muito deslumbrado. mas veja aqui a ironia como é bela: bial fala de (nao se importar com) crebilidade num perfil todo pomposo da revista.
um perfil que se revela (oh) puxa-saco. como a mesma revista tinha trazido perfis de capa de tom semelhante (puxa puxa) com outros genios da raça do naipe de fausto silva, grazi massafera, fernanda lima, rodrigo santoro e alessandra amrosio, e aqui cito apenas os que li, todos esses tendo em comum apenas um trocinho: nada de remotamente interessante a dizer. nem una palabra que seja.
enfim. este é o jornalismo entertainer do brazil, praticado por bial, pela rolling stone e por tantos mais. parabens a eles. parabens a todos os envolvidos. afinal, foi por esse tipo de cousa que lutou-se pela liberdade de imprensa, luta-se pela liberdade de imprensa.
e a gente fica aqui, vendo nossos coleguinhas desenvolvendo a imprensa dessa maneira. nao me espanta que, a cada leva de calouros, os estudantes das faculdades de comunicação mais e mais se pareçam com os estudantes de administração, e digo isso com todo respeito às patricias e aos mauricios.
e deixo aqui um abrazo pra ti.
Desde aquela história do “Salve meus heróis” fica difícil enfrentar, ou entender. Não podemos julgar pessoas. Sao fases pelas quais passamos em nossas vidas. O fato é que não deixamos de ser. Mas nos enfadamos com situações. E ser em determinadas situações é muito difícil.