“Oi, tudo bem? meu nome é Samara. Não nos conhecemos. Quer dizer, nos vimos rapidamente uma única vez. Eu sou aquela para quem você mandou um bilhete com seu telefone, pedindo que eu te ligasse. Eu estava na cafeteria do shopping. Você se lembra?”
A mensagem chegou no fundo da noite, pouco antes de eu ir dormir. Confesso que já estava quase esquecido desse bilhete, entregue uns três meses antes, com zero vírgula um por cento de esperança de que Samara, agora eu sabia seu nome, entrasse em contato. Conto nos dedos de uma das mãos as vezes em que me dei a essa ousadia: escrever meu nome, meu telefone e uma frase trivial do tipo “você é linda. Me liga” e pedir para o garçom, garçonete ou sei lá quem estivesse me servindo entregar à mulher sentada na mesa próxima e que me chamou a atenção.
“Eu procurei você nas redes sociais. Na verdade é uma grande coincidência o que me levou a entrar em contato com você”. E colocou um emoji de riso.
“Desculpa se eu te liguei. Hoje em dia não se usa mais telefonar para as pessoas, né?”. Novo emoji de riso.
Só então notei que havia uma chamada perdida em meu celular. Um interurbano, prefixo do nordeste, mesmo número que agora me aparecia no zap. Fosse de São Paulo, Rio ou Minas eu identificaria na hora de onde era o prefixo, de que cidade ou região do estado. Como era da Bahia pra cima, meu conhecimento caía no geral. No sul, sudeste e mesmo centro-oeste achamos que o nordeste é uma coisa só, como se não fosse dividido em estados, cada com sua personalidade, particularidades e cultura próprias.
“Em outra situação eu não entraria em contato com você, não tenho esse tipo de iniciativa. Mas como te disse, uma grande coincidência me leva até você”.
Antes que ela dissesse afinal qual era a tal da coincidência, relembrei o dia em que rabisquei no guardanapo da confeitaria meu nome, número e a frase padrão para esse tipo de arroubo. Eu estava numa lama emocional como nunca estive em minha vida. Meu estado normal era chorar. Eu andava sem rumo, sem saber para onde ir, sem querer ir para casa e ficar mastigando o passado, sem querer ficar na rua sem presente, sem esperança no futuro. Andava com a dor de um cara de quem houvessem arrancado um braço e uma perna. Só que essa dor era no peito, e atravessava a alma.
Atormentado, ainda assim meus olhos capturaram a imagem de Samara, sentada a uma das mesas da cafeteria chique e descolada. Seu rosto, seus olhos, seu sorriso, seu cabelo avermelhado formavam juntos um clarão. Com jeito de irlandesa ou de atriz de filme americano, Samara era um farol em forma de mulher. Para completar, ela também me olhou. E não foi um olhar distraído, desatento, apenas para ver quem passa. Ela se demorou em mim. E então, foi como se alguém houvesse me dado um empurrão.
“Puta merda que uma mulher dessa ajeitava minha vida, me tirava dessa merda onde me atolei”, eu pensei quase em tom de súplica a Deus ou a sei lá quem estivesse olhando por mim naquela hora. Se é que havia alguém. Claro que sair da merda é tarefa nossa, quem faz isso somos nós mesmos, mas às vezes outra pessoa pode dar uma mãozinha. E aquela mulher ali, um fogaréu numa cafeteria numa tarde de shopping center, me pareceu ter a mãozinha de que eu precisava.
Dei mais duas voltas para passar novamente por ela. Novamente ela me olhou. Sorria largo na conversa com a amiga, e quando passei, manteve o sorriso ao me olhar, chegou mesmo a me acompanhar com os olhos por uns breves milésimos de segundo. Quem sabe quisesse que eu acreditasse que era para mim mesmo que ela sorria. Foi então que tive o impulso, o terceiro ou quarto desse tipo em toda a minha vida. Peguei um guardanapo, pedi uma caneta ao caixa, caprichei na letra em cima do papel rugoso e escrevi o que já se sabe: você é muito interessante, meu nome é tal, meu número é tal e blá blá blá blá. Era como se eu estivesse escrevendo um S.O.S na areia de uma ilha perdida onde eu sobrevivia sem esperança de resgate após um naufrágio. Aquele guardanapo rabiscado era o braço estendido do afogado implorando uma boia.
“Aquela ali, ruiva, que está de costas, de vestido colorido”, e quase cochichando no ouvido da garçonete, apontei meu alvo e entreguei à moça o guardanapo. Seria meu pombo correio, quem sabe um cupido moderno que servia expressos, capuccinos e levava bilhetes com intenções amorosas.
“Você tem um blog, não tem? Eu vi o seu blog, no seu zap tem o endereço, né?”
Sim, eu tinha um blog, em que escrevia crônicas falando mal da vida e reclamando do mundo.
“Eu sou amiga da Sophia. Esse nome te diz alguma coisa?”
A única Sophia que eu conhecia fora minha namorada dez anos antes.
“Ela mesma. Coincidência, né? rs rs rs”.
Talvez eu não tenha sido o melhor namorado do mundo, mas acho que não havia motivos para que Sophia falasse mal de mim. Em todo o caso, nunca se sabe.
“Ela não falou bem nem mal. Só disse ‘ei, esse cara foi meu namorado, quando morei em Brasília’”.
Eu não sabia por onde andava Sophia. Pelo jeito, mudara de cidade.
“Ela tem um blog sobre plantas medicinais. Achei que pudesse conhecer você. Bem, ela conhece, mas não como blogueiro. Rs rs. Até porque vocês escrevem sobre coisas totalmente diferentes.
Pelo andar da carruagem, Samara também não morava em Brasília.
“Nasci aí, morei até o final dos anos 80, na 109 sul. Era amiga do Herbert, do Bi… namorei o Dinho do Capital quando eu era da UnB… eu sou jornalista, na época eu cobria cultura pro Correio Braziliense. Hoje não exerço mais a profissão”, e completou dizendo que tinha uma assessoria, mexia com comunicação, esse tipo de coisa.
Eu nasci no Gama, morava no Guará. Era um anônimo professor de história. Não conheci ninguém famoso, muito menos namorei. Onde morava Samara agora? E Sophia? Bem, Sofia não me interessava mais.
“Eu moro em João Pessoa”, e então entendi o prefixo do telefone. Vim para cá quando me casei. Me separei e continuei”.
Por que diabos resolvera entrar em contato comigo? Será que meu pobre, mas pretensioso bilhete surtira algum efeito?
“Entrei em contato para dar notícias da Sofia, contar dessa incrível coincidência. Achei que você gostaria de saber”, e parecia querer dar a entender que o motivo era mesmo apenas este, que não havia da parte dela qualquer interesse em me encontrar. Por minha vez, nada contra Sofia, mas não era dela que eu queria saber, muito menos da coincidência. Mas será que Samara entrara em contato apenas para isto, me trazer notícias de uma namorada de quem eu já nem me lembrava quase? Na mensagem seguinte, começou a parecer que não.
“Estarei em Brasília na semana que vem”, e explicou que viria para tentar vender uma casa da família, no Grande Colorado. Não seria mal me encontrar com Samara. Nada mal, aliás. Propus, como quem não quer nada, mas quer tudo. “Acho que não me oponho à ideia”, e prometeu dar notícias quando chegasse.
Alguns dias depois, aninhada em meu peito, na cama, ela pedia desculpas pela terceira vez na noite. Estávamos vestidos. Seu estado não permitia que fizéssemos nada que nos obrigasse a tirar a roupa. “Eu não tô acostumada a beber tanto vinho. Fui na tua onda e me ferrei. Que vergonha ir parar na privada logo no primeiro encontro”. Eu repetia que ela deixasse disso, estava tudo bem. Eu jamais estive ao lado de uma mulher dentro de um banheiro fazendo carinho em sua nuca e beijando seus cabelos enquanto ela punha pra fora até a alma. Ali, no banheiro, eu já havia embarcado nos olhos de Samara, e isso aconteceu quando ela me olhou fundo pela primeira vez, ainda no bar. Senti que não haveria retorno, saída, escapatória. Eu fora capturado. Ainda uma vez mais me agradeceu por ter cuidado dela. Pensei e quase disse que a partir daquele momento eu queria cuidá-la por quanto tempo a vida permitisse. A presa queria proteger a predadora.
“Por que você se separou?”, ela me perguntou cinco dias depois; agora sim, nós dois estávamos nus, ela lambuzada de mim; eu, dela, na cama, após uma das melhores noites que tive na vida. Respondi, devolvendo a pergunta e foi ela quem explicou: “Por que o amor acaba, ora”. Comigo foi a mesma coisa, sorri triste, por dentro, respondendo apenas com um leve arquear de sobrancelhas, preferindo não contar que no meu caso o problema é que o amor acabara apenas para o outro lado, e foi isso o que arrastei meses seguidos. Meu passado era feito aquela cola poderosa que gruda na pele e parece que só arrancando o dedo para nos livrarmos dela. Nos piores momentos após a separação, eu não quis me matar, mas se eu morresse não teria sido de todo mau. Foi nesse estado pantanoso que vi Samara pela primeira vez, na cafeteria do shopping.
“Por que você pediu à garçonete para me entregar aquele bilhete?”.
Eu poderia responder com as trivialidades: “Por que você é bonita, porque você me pareceu uma mulher bacana”. Mas não, o assunto com Samara, naquele dia em que a vi, era muito mais forte. Ao passar por ela, parecia que eu estava desesperado na mata escura e fechada, e sua visão era um clarão de meteoro que se choca contra a Terra e ilumina todos os caminhos do mundo. Na cama, de seios à mostra, Samara corou levemente quando fiz essa comparação.
Aproveitei a inspiração de frases bobas, mas sinceras, e contei que quando a vi, foi como se de repente começassem a espocar os fogos coloridos em uma noite de réveillon, fogos que tinham basicamente a cor de seus cabelos ruivos. “Eu não sou ruiva, já disse. É castanho claro”. Sim, havia dito, mas a primeira impressão que tive, no shopping, e que perdurou, foi a de que seus cabelos eram sim ruivos, de um fogo brando que me iluminaria e me aqueceria na noite escura do inverno siberiano que se abatera sobre minha vida. Ela sorriu. Aceitou dançar quando peguei sua mão e a trouxe para o meio da sala, ao som de Etta James cantando I’d rather go blind. Uma garrafa de vinho quase inteira nos esperava e meu casamento, finalmente, começava a desfazer as malas no chão do passado.
“Eu vou ter que ficar mais tempo em Brasília. O cara que se interessou pela casa deu pra trás. Achei que iria resolver esse negócio…”, e ela parecia meio desanimada com o fracasso da venda. Tentei não demonstrar, mas por dentro estava eufórico. Eu queria dizer que desde a primeira vez que a beijei, bateu a certeza de que eu não conseguiria voltar de seu mundo, pelo menos não tão cedo e facilmente. Transávamos todos os dias; o homem arrasado, que até semanas antes se sentia um fracasso e roubado em sua confiança de estar com uma mulher, agora se percebia novamente macho, viril, fodedor, como se dizia no mundo das baixarias masculinas. E aquela noite havia sido mais uma dessas de sexo intenso. Só que não apenas de sexo. Havia ali, na cama de meu quarto, todo um universo que flutuava acima de mim cheio de magia, cor e entrega. Eu estava nas mãos de Samara, queria perguntar se ela percebia isso, se sentia o mesmo, se tinha vontade de falar as mesmas coisas. Ela não dizia nada, mas às vezes seus olhos brilhavam quando davam com os meus. Talvez eles fossem suas palavras, e eu, que também não me abria, nada dizia, me agarrava à esperança de que isso fosse verdade.
Se seus olhos me pareciam dizer o que eu tinha esperança de ouvir, sua boca fazia o oposto: por intermédio dela, Samara era clara e objetiva. “Eu não sei como vocês aguentam essa seca, esse calor, essa fumaceira”. Era setembro, dia 15. O cerrado ardia em chamas ao redor de Brasília. A cidade respirava fumaça. “Você viu o que a ministra disse? Que estamos vivendo um terrorismo climático”. Não, nas últimas duas semanas eu não tomara conhecimento de nada que não fosse Samara. “Por isso que não volto nunca mais pra cá, nunca mais. Quero morrer em João Pessoa, de frente para o mar, no Bessa”. Uma longa lista de deveres e obrigações me segurava em Brasília. A vontade de ser alguém na vida de Samara era grande, mas se rendia, por pragmatismo, ao sujeito que eu era na vida real, a vida que eu tinha, na cidade em que eu morava. Ela, por sua vez, me parecia claramente estabelecida no lugar em que vivia, teria bem menos razões para deixar lá sua vida de empreendedora, como gostam de dizer atualmente. E assim eu tentava disfarçar a tristeza, filha da certeza de que Samara era algo breve feito a existência de uma rosa. Ela foi ao banheiro se lavar de meus excessos e quando voltasse eu não queria que reparasse em meu rosto o peso de reconhecer essa realidade.
“A gente tá se vendo todo o dia, desde que eu cheguei”. Fiz as contas. Foi no dia primeiro, estávamos no dia 22. Ela só voltaria para João Pessoa quando a casa fosse vendida. De repente, saiu-se com essa, que me fez as pernas bambearem: “A gente tá parecendo até namorado”, e sorriu meio encabulada, meio sem saber se deveria ter dito. Só que em vez de se arrepender, foi além, e pela primeira vez eu soube o que se passava dentro de Samara. “Cara, eu tô pensando muito em você” Surpreso, quase sem ar de tanta alegria, vi crescer em seu rosto um sorriso, e ela foi até mesmo capaz de arriscar uma brincadeira. “Vamos ficar, então, feito namorados, até o dia em que eu for embora?”. Era a primeira vez que eu começava um namoro sabendo de fato que ele iria acabar, e que seria logo. Era como se tivesse um prazo curto de validade, feito iogurte que se compra no supermercado.
Vivi então aqueles dias como alguém que molha os pés na água que desaparece na areia da praia, feito uma criança chupando um picolé que se esvai debaixo de um sol de quarenta. Quanto mais crescia a paixão por Samara, em sua intensidade física e emocional, em mim também tomava corpo a certeza de que eu ficaria outra vez fodido, voltaria ao meu inverno glacial, inabalável diante da crise climática. Entraria no ar a segunda temporada da série em que o personagem principal era um cara fodido vagando por bares e noites sem sentido: o mesmo enredo, o mesmo roteiro, as mesmas trilha sonora e fotografia. Mudaria apenas a atriz coadjuvante interpretando o mesmo papel. E sem tanta metáfora, eu sairia de uma merda e entraria em outra. Mesmo assim, estava valendo a pena estar com Samara e sua nudez atravessando as noites quentes, feias e nevoentas de queimadas em volta de Brasília, mas porque justamente Samara as enfeitava, tornavam-se belas e mágicas, e me antecipavam que o que é belo e mágico também pode machucar, e muito. É preciso coragem para dirigir em alta velocidade, sem freio, tendo a certeza de que a qualquer momento você vai se espatifar na imensa traseira de um caminhão.
“A casa foi vendida”, ela disse por trás de mim, enquanto eu abria uma garrafa de vinho. Estava apenas de calcinha, os peitos pendurados na noite quente e seca do Planalto Central. A luz do abajur pegava metade de seu rosto. A outra, ficava na penumbra. Às vezes me parecia que Samara surgia de um portal do outro mundo, um mundo fantástico de fadas. “Por que a vida vai me levar um anjo desses?”, perguntei em silêncio, para mim mesmo, olhando seu rosto. Estava séria. Embora objetivamente nunca tenhamos falado sobre o assunto, ela sabia o significado que aquela notícia tinha para mim. “Legal, né? Resolvi essa encrenca”, e sorriu quase constrangida. Eu sorri com uma falsidade da qual poucas vezes fui capaz em minha vida, e por dentro eu falava, aliás, falava, não, eu berrava: “Legal é o caralho! Eu queria que ninguém quisesse comprar essa porra dessa casa”. A casa era o último vínculo, ao menos material, de Samara com Brasília, e com outras palavras ela deixou claro que, a não ser algumas amigas, não tinha mais qualquer motivo para vir. “Não tenho mais nada que me prenda a essa cidade além do meu passado”. Eu estava incluído nesse passado; recente, intenso, na velocidade de um jato, mas passado. E pelo jeito, não havia porta aberta para mim no futuro de Samara, pois ela jamais mencionou qualquer possibilidade de me incluir nos dias e nos anos que viriam em sua vida. Nosso namoro, velocista de cem metros, estava em seus momentos finais de validade, e a história de que ela pensava em mim todos os dias, não voltou mais a sua boca. Estávamos no dia 28. “Comprei passagem para amanhã”.
Parei os olhos fixamente na garrafa de vinho. Na estante, o Spotify encerrou uma música. Um torvelinho desesperado de frases silenciosas invadiu a minha cabeça. “E se eu a pedisse para ficar? Lembrasse a ela de que Brasília quando chove é boa pra cacete… E seu eu rasgasse o meu coração e dissesse bem alto que a queria como minha mulher, tendo apenas a morte como prazo de validade? E se eu falasse “Samara, eu vou com você” e ela, espantada, sorrindo, perguntasse “Mas e sua vida aqui, cara?”, e eu respondesse “Foda-se a minha vida aqui. A minha vida é do teu lado, em qualquer lugar…”.
Baby, I love you so, I Want you know…
Foi quando o antigo sucesso do KC and Sunshine Band, de quando éramos jovens, rasgou o silêncio da sala.
Please, don´t go, don´t go away, o refrão insistia, e como eu não conseguia por pra fora o que me passava pelas ideias, peguei a letra da música para dizer o que eu queria e sentia.
“Please, don´t go, I´m beggin you to stay”, e cantando, eu olhava fixo Samara. Com os olhos aguados, uma lágrima já descendo, levemente ela abanou a cabeça na negativa, mas de uma forma quase imperceptível, que me levava a crer que queria fazer justamente o contrário, dizer sim para a música. Foi então que a tirei para dançar, sempre repetindo o refrão, agora ao pé de seu ouvido. O choro de Samara aumentou, molhou minha camiseta sobre meu ombro. Aquele choro me explicava que eu não podia lhe pedir aquilo que eu queria pedir. E então entendi que a única coisa que eu podia fazer naquela história toda era tentar colar mais uma vez um enorme caco do meu coração despedaçado.
Adorei! Romântico…
Fico sempre imaginando se você viveu suas histórias… sempre acho que sim! São tão vivas!! Parabéns!
Uau! Já te disse que seus contos me tiram o fôlego? Pois é! Mais um me fez acelerar o coração ao primeiro encontro, da mesma forma que fez doer na despedida!
Parabéns, André! Sua escrita é sempre muito especial. E mil vivas aos corações apaixonados e às almas intensas.