O grande voltou a ser grande (e tá incomodando muito por isso)
Desculpem-me falar novamente do Flamengo, mas se o seu time algum dia foi campeão da Libertadores (nos últimos minutos) no sábado e brasileiro no domingo, você sabe que é difícil deixar o assunto de lado.
Então, com licença.
1 – Essa Libertadores poderia ter sido a 3a., talvez a 4a. da história do clube.
O Brasileirão poderia ser o 9o., o 10o. quem sabe.
E poderíamos ter ainda mais duas Copas do Brasil.
Mas o Flamengo jogou no esgoto do interesse escuso dos cartolas e das péssimas administrações umas duas gerações de craques feitos em casa, como (ainda) reza o antigo lema.
Leonardo, Zinho, Djalminha, Marcelinho, Paulo Nunes e Sávio são apenas alguns exemplos que poderiam estar no patamar da era Zico e da recém-consagrada geração, que se em seus astros principais não é prata da casa, é ao menos conquista de uma administração eficiente.
E que devolveu o Flamengo à altura da sua própria história.
2 – Entre uma Copa do Brasil aqui, outra ali, um brasileiro ganho na marra (2009) e uns dez quilos de campeonato carioca, vivemos duas décadas de chacota, com ameaças constantes de rebaixamento e eliminações vexatórias em pleno Maracanã, nosso habitat natural.
Agora que voltamos ao nosso devido lugar, o colunista consagrado da Folha de São Paulo (jornal paulista) vem falar que a TV Globo investe no Flamengo para espanholizar o futebol brasileiro.
Quando “us curíntia”e “us parmeira” estavam mandando no futebol tupi com seus Tites, Felipões, dez cabeças de área (bagre), toque de bola pro lado e 1X0 amarrado, não tinha espanholização.
Era a decantada supremacia do futebol de “zan baulo”.
O colunista (de quem gosto, diga-se de passagem), torce pelo Fluminense e o link de sua coluna foi ovacionado por colegas meus jornalistas que respeito à bessa.
Torcedores do Vasco, do Botafogo…
Claro, claro, isenção do colunista, isenção dos leitores. Jamais pensei em dor de cotovelo.
3 – Outro colunista que admiro, até porque foi um dos maiores jogadores de todos os tempos, garante que o River tem mais time que o Flamengo, e sua coluna se preocupou com esse fato, colocando na sombra a superação rubro-negra.
O colunista, quando desfilava nos gramados, vestiu a camisa dos quatro grandes do Rio, mas é confessadamente botafoguense.
Craque que foi, deveria saber (e sabe) que no futebol nem sempre vence o melhor, ainda mais quando não é tão melhor assim.
4 – Pra encerrar, já tem gente dizendo que o Mundial Interclubes não é importante para os clubes europeus.
E realmente não é tanto quanto é para os sulamericanos.
Mas vi por aí alardearem que o Liverpool deve jogar o torneio com time reserva.
Ou seja, jornalisticamente já estão salivando (se o Flamengo chegar à final) para cuspir o escárnio – “Pô, perderam pros reservas!” – ou a inveja – “Ah, qual é! Ganharam de time reserva…”.
Ser grande (ou melhor, gigante) incomoda.