André Giusti - foto: Luana Lleras
voltar para o início do site

A Solidão do Livro Emprestado (2a. edição)

“Entupi a lata de lixo do quarto com os bilhetes manuscritos que ele deixava na caixa de correio. Só me dei ao trabalho de ler o primeiro, Soneto de Fidelidade. Pombas, será que o Vinícius não escreveu mais nada na vida dele? É, porque todo mundo que quer botar poema do Vinícius de Moraes em [...]

A Maturidade Angustiada

“Veja como são belos esses jovens pulando com aqueles penduricalhos eletrônicos no pescoço nos anúncios de celular, passando no metrô com uns grampos no nariz e nos supercílios. Eles baixam posts, Rique, trocam piadas, confidências, declarações de amor pelo twitter, criam comunidades, gostam de samba-jazz-pop-rock-baião-tecno, vão para a Austrália aprimorar o inglês e morar na [...]

Os Filmes em que Morremos de Amor

Os Filmes em que Morremos de Amor reúne 30 anos de minha produção poética. Entrei na literatura pela porta adolescente da poesia e, quando, vi, estava escrevendo prosa, lançando livros de contos, me metendo com crônicas e romance. Aí deixei os poemas de lado alguns anos, para retomar meu caminho original na década passada. Então, [...]

As Estranhas Réguas do Tempo

Para manter atualizado meu blog, no ar desde 2009, me vi obrigado a escrever um gênero que pouco exercitei em minha vida de escritor: a crônica. E acho que não o fiz antes justamente porque não possuía a principal motivação do cronista, que é a obrigação de escrever. Ao cabo de cinco anos publicando quase [...]

Histórias de pai, memórias de filho

A enfermeira idosa, cuja coleção de nascimentos assistidos há muito entrara no imenso campo dos milhares, entregou-lhe a filha enrolada em panos e mantas. Para ver pela primeira vez o rosto mais amado de sua vida, sem jeito ele teve que desfazer um tanto aquele embrulho. Assemelhava-se ao faminto que precisa vencer a casca grossa [...]

Voando pela noite (até de manhã) – 2a. edição

“O drive-in não passava de um terreno baldio e escuro, cheio de árvores. O proprietário, sem dinheiro para construir um motel, ergueu uma porção de boxes separados por muros de cimento, onde se estacionava para namorar. O preço era uma bagatela e dava para ficar ali até o amanhecer. A única exigência era entrar com [...]

A liberdade e amarela e conversível

“Desceu acelerando na primeira avenida, uma reta inclinada com uma leve curva no meio e uma bem acentuada no final. Ali jogou a terceira, o ronco do motor na reduzida venceu o barulho do vento e ganhou o céu entardecido de outubro. Na saída da curva, apertou de vez o acelerador e o motor encheu [...]

A solidão do livro emprestado

Mário virou o copo, bebeu tudo praticamente em um único gole e com um movimento leve matou aquele restinho que fica no fundo, abaixo dos cubos de gelo. Foi para o quar­to e trancou a porta. Marion intrigada escutava da sala o barulho do guarda-roupa sendo remexido. Ouviu a janela ser aberta com rispidez e [...]

Eu nunca fecharei a porta da geladeira com o pé em Brasília

“Volto tudo à procura do hotel e, para o meu espanto, chego rápido, sem maiores cabeçadas, mas não me perguntem por onde vim, onde entrei, de onde saí. Prazer, capital, sempre me falaram muito de você e só agora, dando de cara com o espelho do elevador, é que me lembrei de que não vi [...]

Voando pela noite (até de manhã)

Ficou de saco cheio da garota. E antes que ela insistisse naquela discussão alucinada, resolveu se vestir. O cheiro de gasolina do carro ao lado estava lhe dando enjoo. O melhor era ir embora. Nada mais iria acontecer naquela noite.