Não sei e ninguém deve saber de quem é a frase, mas essa coisa de a vida ser gangorra é teoria consolidada e de aplicação prática.
Então vejamos o caso do Ronaldinho Gaúcho.
Com apenas 17 anos, eu acho, fez um dos mais belos gols da história da Seleção Brasileira (Contra a Venezuela, Copa América, 1999).
Saiu do Grêmio pela porta dos fundos, rodou um pouco pela Europa e parou num Barcelona que, pelo que me lembro, só não era melhor que o do Messi. Lá, foi eleito o melhor do mundo duas vezes.
Antes, no entanto, ajudou – e muito – o Brasil a levantar o quinto caneco de sua história. Lembram que ele colocou o Rivaldo na cara do Gol contra a Inglaterra e depois fez o golaço de falta? Tudo bem, foi expulso depois, mas é por esse tipo de coisa que o futebol é apaixonante.
Em 2006, estava naquela insossa seleção na Copa da Alemanha, aquela em que, segundo O Estado de São Paulo, o outro Ronaldo, na atualidade raso comentarista de TV, fumava, tomava coca-cola sem parar pelos cantos e repetia para os mais jovens que não sabia o que estava fazendo ali, já que estava mesmo com a burra transbordando vil metal. Dizem que o Gaúcho foi um dos poucos, senão o único jogador que saiu realmente abatido de campo depois que comprovamos sermos fregueses da França em copas do mundo. Sim, foi aquele jogo em que o Roberto Carlos se preocupou mais em ajeitar a meia.
Dali em diante, a gangorra da vida de Ronaldinho Gaúcho parece que estacionou lá embaixo. Lembrem-se: no mesmo ano o Barcelona perdeu o título mundial para o arquirrival dos tempos de Rio Grande, com um gol de Adriano Gabiru, do qual eu pelo menos nunca mais ouvi falar.
Foi para o Milan, onde parecia não querer mais saber de chamego com a pelota.
Na volta ao Brasil, fez que ia e não foi pro Grêmio, e por lá acho até que o povo prefere ver um colorado do que o dentuço pela frente.
Acabou no Flamengo e depois de aparentar que seria ídolo, saiu brigado e com fama de pinguço. Hoje, percebe-se que por lá as coisas não andaram bem muito mais por incompetência e picaretagem da antiga diretoria.
Foi parar no Atlético, time grande, mas, até então, de títulos pequenos.
Nesse meio tempo, andou queimando ainda mais seu filme, vestindo a amarelinha naquele time sem graça do Mano Menezes. Quando a coisa começou a melhorar pro nosso escrete, teve que engolir o Felipão dando a entender que ele não era bom exemplo para o grupo.
Aí, quando você acha que a vida do cara já desceu mesmo a ladeira e que não sobe mais de volta, ele pega e é campeão no título de Libertadores mais sensacional que um clube brasileiro conquistou.
A vida não é só gangorra. É também um bagulho muito doido, e essa frase é que não sei mesmo de quem é.