Futebol doente e o título do Palmeiras
Na disputa pelo 3º lugar na Copa do Mundo deste ano, em determinado lance a Inglaterra chegou com perigo ao gol da Bélgica. Com perícia, o defensor tomou a bola na pequena área e deu início a um contra-ataque. Em apenas cinco toques o time belga chegou na cara do gol adversário, obrigando o goleiro inglês a um milagre.
Lembrei disso por que outro dia assisti à reprise de alguns lances dos amistosos da seleção de Neymar e demais mascarados. Parecia a reprise de todos os jogos dos últimos anos dessa camisa que um dia encantou o mundo: passes pro lado, pra trás, cruzamentos nas mãos do goleiro, carrinhos. Uma burocracia parecida com a que o cidadão comum enfrenta no serviço público para conseguir determinadas certidões.
E, agora, o Palmeiras é campeão. Ou deca, como se orgulham seus torcedores, que põem nessa conta, com a estranha chancela da mesma CBF que organiza a supracitada seleção burocrática, títulos de uma época em que o campeonato brasileiro só era disputado por clubes do Rio e São Paulo.
Antes de mais nada, parabéns ao Palmeiras pelo título deste ano. O time foi o mais eficaz em momentos decisivos e merece a conquista, mas – e agora me chamarão de flamenguista recalcado – penso que há algo realmente muito errado com nosso futebol quando o técnico do time campeão nacional – e, portanto, em tese o melhor time do país – é o mesmo técnico do maior vexame pelo qual uma seleção já passou na história das copas do mundo.
Os torcedores do Palmeiras (com o qual simpatizo, diga-se de passagem, por causa da origem italiana) têm todo o direito de comemorar.
Mas nosso futebol é um doente que pode estar se encaminhando pro estágio terminal.